sábado, 14 de março de 2009

O MOVIMENTO DOS PIONEIROS E OS SEUS IDEAIS


O movimento dos pioneiros, encabeçado por Fernando de Azevedo e por mais 26 educadores, levantou a bandeira contra a escola elitista e o modelo acadêmico tradicional patrocinado pela Igreja Católica que o monopolizava. Tal atitude revolucionária levantou discussões acaloradas entre os educadores envolvidos e os setores conservadores católicos, para os quais apenas a educação baseada na doutrina cristã era verdadeira. O Manifesto dos Pioneiros representa uma ação vigorosa e corajosa contra a arbitrariedade do ensino confessional católico elitista e fomentador da desigualdade social, bem como uma resposta à necessidade de reformas educacionais urgentes que se coadunassem com os ideais da Democracia e da modernidade.
Segundo Aranha e Helena Bomeny, o documento elenca algumas idéias importantes para o processo educacional, são elas:

“ A educação obrigatória, pública, gratuita e leiga como um dever do Estado, a ser implantada em programa de âmbito nacional. Critica o sistema dual, que destina uma escola para os ricos e outra para os pobres, reivindicando a escola básica única.”1

“Ao ser lançado, em meio ao processo de reordenação política resultante da Revolução de 30, o documento se tornou o marco inaugural do projeto de renovação educacional do país. Além de constatar a desorganização do aparelho escolar, propunha que o Estado organizasse um plano geral de educação e defendia a bandeira de uma escola única, pública, laica, obrigatória e gratuita.”2


Na visão dos educadores reformistas, a escola devia sofrer um processo de laicização e todas as camadas da sociedade deveriam ser beneficiadas por tais transformações. O"otimismo pedagógico" que norteava as ações de oposição à caducidade do sistema vigente era influenciado pela necessidade de adequação aos aspectos desenvolvimentistas perceptíveis no início do Século XX, pelo Pragmatismo de John Dewey, do qual Anísio Teixeira, um dos intelectuais do movimento sorveu a longos haustos e também pelas teorias positivistas de Durkheime.
No Manifesto dos Pioneiros, redigido pelos intelectuais brasileiros insatisfeitos com o cenário de indiferentismo do Governo Federal diante das questões educacionais de então, estavam escritas as principais idéias e princípios para pressionar os mandatários da nação a implementar um plano educacional que atendesse às exigências da modernidade e aos princípios constitucionais democráticos de igualdade, sem acepções. Além disso, também reivindicou a destinação das verbas públicas para a escola pública, e não para as instituições privadas.
Estas discussões acaloradas sobre o papel do Estado nas questões educacionais possibilitaram, ainda que modestamente, um avanço para as aspirações idealistas nutridas pelos intelectuais envolvidos com os movimentos sociais que reivindicavam mudanças estruturais drásticas que permitiram um sério diálogo com os diversos setores da sociedade à época. O Manifesto ganhou repercussão ao ser publicado na mídia não especializada em 1932, e rapidamente tornou-se público em todas as esferas sociais, como nos diz Paschoal Lemme:

“O Manifesto apareceu na imprensa diária, não especializada, em março de 1932. Posteriormente, em junho desse mesmo ano, foi publicado um volume pela Companhia Editora Nacional, de São Paulo, precedido de uma introdução redigida por Fernando de Azevedo e seguida por algumas apreciações críticas de vários comentaristas e por um Esboço de um Programa Educacional Extraído do Manifesto, em dez itens.”3

Além de Paschoal Lemme, Rosimar Serena Siqueira Esquinsani, em artigo, faz menção à cobertura da imprensa nacional e regional sobre os embates entre os intelectuais do Manifesto e os setores da Igreja Católica contrários às idéias inovadoras e reformuladoras do movimento batizado como Escola nova, ela escreve:

Em meio a esses fatos, a imprensa nacional, e sul-rio-grandense em especial, “deliciou-se” com dezenas de artigos noticiando o andamento dos debates, expondo opiniões dos envolvidos, abrindo espaço para pronunciamentos sobre o assunto, enfim, produzindo um rico material e legando ao futuro a possibilidade de análise e participação no “caso”. 4


OBJETIVOS ALCANÇADOS

Depois deste período de acirradas escaramuças entre os personagens envolvidos na questão, ou seja, de um lado os líderes do Movimento dos Pioneiros e do outro os setores conservadores da Igreja, ocorreu a promulgação da Constituição de 1934, que em parte respondeu aos clamores e anseios daquela época. Se analisarmos o texto outorgado pela Constituição, perceberemos que as pressões dos intelectuais influenciaram a sua redação porque os dois primeiros artigos da carta, a saber: o Art.149 e o Art.156 correspondem exatamente aos objetivos pretendidos pelos Pioneiros, ou seja, um ensino público, laico, obrigatório e gratuito patrocinado e custeado pelo Estado. Para efeito de comparação, vejamos alguns itens levantados por Paschoal Lemme extraídos de sua análise do Manifesto:

a) a educação é considerada, em todos os seus graus, como uma função social e um serviço essencialmente público que o Estado é chamado a realizar com a cooperação de todas as instituições sociais;

b) cabe aos Estados federados organizar, custear e ministrar o ensino em todos os graus, de acordo com os princípios e as normas gerais estabelecidos na Constituição e, em leis ordinárias pela União, a que competem a educação na capital do País, uma ação supletiva onde quer que haja deficiência de meios e a ação fiscalizadora, coordenada e estimulada pelo Ministério da Educação;

c) o sistema escolar deve ser estabelecido nas bases de uma educação integral; em comum para os alunos de um e outro sexo e de acordo com suas aptidões naturais; única para todos e leiga, sendo a educação primária gratuita e obrigatória; o ensino deve tender gradativamente à obrigatoriedade até 18 anos e à gratuidade em todos os graus. 5


OS RETROCESSOS DE 1937

Apesar de todas as lutas e oposições sofridas pelos pioneiros do movimento Escola Nova para por em prática os seus projetos pedagógicos inovadores e do êxito parcial conquistado com a inserção de suas propostas educacionais nos artigos constitucionais da Carta Magna de 1934, que não foram cumpridos na íntegra, os intelectuais enfrentaram os revezes do período ditatorial do governo de Getúlio Vargas denominado Estado Novo.
Neste período de grande conturbação e repressão impingidas pelo autoritarismo getulista, muitas conquistas amealhadas em 34 foram varridas para baixo do tapete e uma nova Carta Constitucional que ignorava os direitos anteriormente assegurados foi outorgada. A nova constituição eximia o governo de aplicar recursos à educação bem como consolidava a desigualdade social e a exclusão das camadas mais pobres da sociedade a um ensino igualitário e de qualidade. O governo de Getúlio Vargas deu maior ênfase ao ensino particular, eximindo-se assim do papel de mantenedor da educação pública gratuita. Priorizou um ensino segmentado em classes distintas, perpetuando a segregação e a discriminação das parcelas desprivilegiadas da população. Vejamos o que nos diz Veronese e Vieira:

“Concedeu-se grande privilégio ao ensino particular. Exemplo disso é a subsidiariedade do ensino público em relação ao ensino privado. A preferência pelo ensino particular demonstrava a intenção do governo getulista em se eximir da responsabilidade no que tange à matéria educacional. A educação tornara-se, deste modo, responsabilidade exclusiva das famílias e da sociedade civil. No texto constitucional não havia nenhuma indicação de recursos a serem utilizados pela União e pelos Estados na criação e manutenção dos sistemas de ensino. Para que os objetivos político-econômicos da gestão de Getúlio Vargas fossem plenamente realizáveis, deu-se preferência ao ensino profissionalizante das classes menos favorecidas. Esta “preferência” demonstrava uma política educacional totalmente discriminatória: aos pobres era oferecido ensino profissionalizante e aos ricos cabia o privilégio de freqüentar uma escola secundária voltada à formação intelectual da elite. Depreendesse da leitura do art. 129 da Constituição de 1937 a opção pela distinção na educação de ricos e pobres”.6

A Ditadura Militar, como temos visto, criou profundos entraves aos processos democráticos e educacionais brasileiros, impossibilitando que o país avançasse no que diz respeito à produção do conhecimento e desenvolvimento de um projeto palpável e eficaz de ensino que alavancasse a sociedade, sobretudo, dos excluídos das camadas mais pobres aos mecanismos de ruptura dos laços do ostracismo cultural herdado de nosso passado colonial de subserviência e dominação portuguesa.



































BIBLIOGRAFIA

1ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Historia da Educação. Ed.rev.atual. São Paulo: Moderna, 1996.

2 BOMENY, Helena.O "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova e suas Repercussões na Realidade Educacional Brasileira. Disponível em: <http://www.inep.gov.br/download/70Anos/Texto_Paschoal_Lemme.pdf > Acessado em: 13/03/2009

3LEMME, Paschoal.O "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. R. Bras.Est.Ped, Brasília, v.86, n.212,p.173, Jan./abr. 2005.Disponível em: <http://www.inep.gov.br/download/70Anos/Texto_Paschoal_Lemme.pdf > Acessado em: 13/03/2009

4ESQUINSANI, Rosimar Serena Siqueira. A Recepção Regional ao Debate que Precedeu a
LDB 4.024/1961. Disponível em: <http://www.smec.salvador.bahia.gov.br/> Acessado em: 14/03/2009.

5LEMME, op.cit. p.174.

6 VERONESE, Josiane Rose Petry; VIEIRA, Cleverton Elias. A Educação Básica na Legislação Brasileira. Seqüência, Santa Catarina, v.47, p.104, 2006. Disponível em: www.buscalegis.ufsc.br/revistas/index.php/sequencia/article/view/1245/1241> Acessado em: 14/03/2009.









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O movimento dos pioneiros, encabeçado por Fernando de Azevedo e por mais 26 educadores, levantou a bandeira contra a escola elitista e o modelo acadêmico tradicional patrocinado pela Igreja Católica que o monopolizava. Tal atitude revolucionária levantou discussões acaloradas entre os educadores envolvidos e os setores conservadores católicos, para os quais apenas a educação baseada na doutrina cristã era verdadeira. O Manifesto dos Pioneiros representa uma ação vigorosa e corajosa contra a arbitrariedade do ensino confessional católico elitista e fomentador da desigualdade social, bem como uma resposta à necessidade de reformas educacionais urgentes que se coadunassem com os ideais da Democracia e da modernidade.
Segundo Aranha e Helena Bomeny, o documento elenca algumas idéias importantes para o processo educacional, são elas:

“ A educação obrigatória, pública, gratuita e leiga como um dever do Estado, a ser implantada em programa de âmbito nacional. Critica o sistema dual, que destina uma escola para os ricos e outra para os pobres, reivindicando a escola básica única.”1

“Ao ser lançado, em meio ao processo de reordenação política resultante da Revolução de 30, o documento se tornou o marco inaugural do projeto de renovação educacional do país. Além de constatar a desorganização do aparelho escolar, propunha que o Estado organizasse um plano geral de educação e defendia a bandeira de uma escola única, pública, laica, obrigatória e gratuita.”2


Na visão dos educadores reformistas, a escola devia sofrer um processo de laicização e todas as camadas da sociedade deveriam ser beneficiadas por tais transformações. O"otimismo pedagógico" que norteava as ações de oposição à caducidade do sistema vigente era influenciado pela necessidade de adequação aos aspectos desenvolvimentistas perceptíveis no início do Século XX, pelo Pragmatismo de John Dewey, do qual Anísio Teixeira, um dos intelectuais do movimento sorveu a longos haustos e também pelas teorias positivistas de Durkheime.
No Manifesto dos Pioneiros, redigido pelos intelectuais brasileiros insatisfeitos com o cenário de indiferentismo do Governo Federal diante das questões educacionais de então, estavam escritas as principais idéias e princípios para pressionar os mandatários da nação a implementar um plano educacional que atendesse às exigências da modernidade e aos princípios constitucionais democráticos de igualdade, sem acepções. Além disso, também reivindicou a destinação das verbas públicas para a escola pública, e não para as instituições privadas.
Estas discussões acaloradas sobre o papel do Estado nas questões educacionais possibilitaram, ainda que modestamente, um avanço para as aspirações idealistas nutridas pelos intelectuais envolvidos com os movimentos sociais que reivindicavam mudanças estruturais drásticas que permitiram um sério diálogo com os diversos setores da sociedade à época. O Manifesto ganhou repercussão ao ser publicado na mídia não especializada em 1932, e rapidamente tornou-se público em todas as esferas sociais, como nos diz Paschoal Lemme:

“O Manifesto apareceu na imprensa diária, não especializada, em março de 1932. Posteriormente, em junho desse mesmo ano, foi publicado um volume pela Companhia Editora Nacional, de São Paulo, precedido de uma introdução redigida por Fernando de Azevedo e seguida por algumas apreciações críticas de vários comentaristas e por um Esboço de um Programa Educacional Extraído do Manifesto, em dez itens.”3

Além de Paschoal Lemme, Rosimar Serena Siqueira Esquinsani, em artigo, faz menção à cobertura da imprensa nacional e regional sobre os embates entre os intelectuais do Manifesto e os setores da Igreja Católica contrários às idéias inovadoras e reformuladoras do movimento batizado como Escola nova, ela escreve:

Em meio a esses fatos, a imprensa nacional, e sul-rio-grandense em especial, “deliciou-se” com dezenas de artigos noticiando o andamento dos debates, expondo opiniões dos envolvidos, abrindo espaço para pronunciamentos sobre o assunto, enfim, produzindo um rico material e legando ao futuro a possibilidade de análise e participação no “caso”. 4


OBJETIVOS ALCANÇADOS

Depois deste período de acirradas escaramuças entre os personagens envolvidos na questão, ou seja, de um lado os líderes do Movimento dos Pioneiros e do outro os setores conservadores da Igreja, ocorreu a promulgação da Constituição de 1934, que em parte respondeu aos clamores e anseios daquela época. Se analisarmos o texto outorgado pela Constituição, perceberemos que as pressões dos intelectuais influenciaram a sua redação porque os dois primeiros artigos da carta, a saber: o Art.149 e o Art.156 correspondem exatamente aos objetivos pretendidos pelos Pioneiros, ou seja, um ensino público, laico, obrigatório e gratuito patrocinado e custeado pelo Estado. Para efeito de comparação, vejamos alguns itens levantados por Paschoal Lemme extraídos de sua análise do Manifesto:

a) a educação é considerada, em todos os seus graus, como uma função social e um serviço essencialmente público que o Estado é chamado a realizar com a cooperação de todas as instituições sociais;

b) cabe aos Estados federados organizar, custear e ministrar o ensino em todos os graus, de acordo com os princípios e as normas gerais estabelecidos na Constituição e, em leis ordinárias pela União, a que competem a educação na capital do País, uma ação supletiva onde quer que haja deficiência de meios e a ação fiscalizadora, coordenada e estimulada pelo Ministério da Educação;

c) o sistema escolar deve ser estabelecido nas bases de uma educação integral; em comum para os alunos de um e outro sexo e de acordo com suas aptidões naturais; única para todos e leiga, sendo a educação primária gratuita e obrigatória; o ensino deve tender gradativamente à obrigatoriedade até 18 anos e à gratuidade em todos os graus. 5


OS RETROCESSOS DE 1937

Apesar de todas as lutas e oposições sofridas pelos pioneiros do movimento Escola Nova para por em prática os seus projetos pedagógicos inovadores e do êxito parcial conquistado com a inserção de suas propostas educacionais nos artigos constitucionais da Carta Magna de 1934, que não foram cumpridos na íntegra, os intelectuais enfrentaram os revezes do período ditatorial do governo de Getúlio Vargas denominado Estado Novo.
Neste período de grande conturbação e repressão impingidas pelo autoritarismo getulista, muitas conquistas amealhadas em 34 foram varridas para baixo do tapete e uma nova Carta Constitucional que ignorava os direitos anteriormente assegurados foi outorgada. A nova constituição eximia o governo de aplicar recursos à educação bem como consolidava a desigualdade social e a exclusão das camadas mais pobres da sociedade a um ensino igualitário e de qualidade. O governo de Getúlio Vargas deu maior ênfase ao ensino particular, eximindo-se assim do papel de mantenedor da educação pública gratuita. Priorizou um ensino segmentado em classes distintas, perpetuando a segregação e a discriminação das parcelas desprivilegiadas da população. Vejamos o que nos diz Veronese e Vieira:

“Concedeu-se grande privilégio ao ensino particular. Exemplo disso é a subsidiariedade do ensino público em relação ao ensino privado. A preferência pelo ensino particular demonstrava a intenção do governo getulista em se eximir da responsabilidade no que tange à matéria educacional. A educação tornara-se, deste modo, responsabilidade exclusiva das famílias e da sociedade civil. No texto constitucional não havia nenhuma indicação de recursos a serem utilizados pela União e pelos Estados na criação e manutenção dos sistemas de ensino. Para que os objetivos político-econômicos da gestão de Getúlio Vargas fossem plenamente realizáveis, deu-se preferência ao ensino profissionalizante das classes menos favorecidas. Esta “preferência” demonstrava uma política educacional totalmente discriminatória: aos pobres era oferecido ensino profissionalizante e aos ricos cabia o privilégio de freqüentar uma escola secundária voltada à formação intelectual da elite. Depreendesse da leitura do art. 129 da Constituição de 1937 a opção pela distinção na educação de ricos e pobres”.6

A Ditadura Militar, como temos visto, criou profundos entraves aos processos democráticos e educacionais brasileiros, impossibilitando que o país avançasse no que diz respeito à produção do conhecimento e desenvolvimento de um projeto palpável e eficaz de ensino que alavancasse a sociedade, sobretudo, dos excluídos das camadas mais pobres aos mecanismos de ruptura dos laços do ostracismo cultural herdado de nosso passado colonial de subserviência e dominação portuguesa.



































BIBLIOGRAFIA

1ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Historia da Educação. Ed.rev.atual. São Paulo: Moderna, 1996.

2 BOMENY, Helena.O "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova e suas Repercussões na Realidade Educacional Brasileira. Disponível em: <http://www.inep.gov.br/download/70Anos/Texto_Paschoal_Lemme.pdf > Acessado em: 13/03/2009

3LEMME, Paschoal.O "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. R. Bras.Est.Ped, Brasília, v.86, n.212,p.173, Jan./abr. 2005.Disponível em: <http://www.inep.gov.br/download/70Anos/Texto_Paschoal_Lemme.pdf > Acessado em: 13/03/2009

4ESQUINSANI, Rosimar Serena Siqueira. A Recepção Regional ao Debate que Precedeu a
LDB 4.024/1961. Disponível em: <http://www.smec.salvador.bahia.gov.br/> Acessado em: 14/03/2009.

5LEMME, op.cit. p.174.

6 VERONESE, Josiane Rose Petry; VIEIRA, Cleverton Elias. A Educação Básica na Legislação Brasileira. Seqüência, Santa Catarina, v.47, p.104, 2006. Disponível em: www.buscalegis.ufsc.br/revistas/index.php/sequencia/article/view/1245/1241> Acessado em: 14/03/2009.









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O movimento dos pioneiros, encabeçado por Fernando de Azevedo e por mais 26 educadores, levantou a bandeira contra a escola elitista e o modelo acadêmico tradicional patrocinado pela Igreja Católica que o monopolizava. Tal atitude revolucionária levantou discussões acaloradas entre os educadores envolvidos e os setores conservadores católicos, para os quais apenas a educação baseada na doutrina cristã era verdadeira. O Manifesto dos Pioneiros representa uma ação vigorosa e corajosa contra a arbitrariedade do ensino confessional católico elitista e fomentador da desigualdade social, bem como uma resposta à necessidade de reformas educacionais urgentes que se coadunassem com os ideais da Democracia e da modernidade.
Segundo Aranha e Helena Bomeny, o documento elenca algumas idéias importantes para o processo educacional, são elas:

“ A educação obrigatória, pública, gratuita e leiga como um dever do Estado, a ser implantada em programa de âmbito nacional. Critica o sistema dual, que destina uma escola para os ricos e outra para os pobres, reivindicando a escola básica única.”1

“Ao ser lançado, em meio ao processo de reordenação política resultante da Revolução de 30, o documento se tornou o marco inaugural do projeto de renovação educacional do país. Além de constatar a desorganização do aparelho escolar, propunha que o Estado organizasse um plano geral de educação e defendia a bandeira de uma escola única, pública, laica, obrigatória e gratuita.”2


Na visão dos educadores reformistas, a escola devia sofrer um processo de laicização e todas as camadas da sociedade deveriam ser beneficiadas por tais transformações. O"otimismo pedagógico" que norteava as ações de oposição à caducidade do sistema vigente era influenciado pela necessidade de adequação aos aspectos desenvolvimentistas perceptíveis no início do Século XX, pelo Pragmatismo de John Dewey, do qual Anísio Teixeira, um dos intelectuais do movimento sorveu a longos haustos e também pelas teorias positivistas de Durkheime.
No Manifesto dos Pioneiros, redigido pelos intelectuais brasileiros insatisfeitos com o cenário de indiferentismo do Governo Federal diante das questões educacionais de então, estavam escritas as principais idéias e princípios para pressionar os mandatários da nação a implementar um plano educacional que atendesse às exigências da modernidade e aos princípios constitucionais democráticos de igualdade, sem acepções. Além disso, também reivindicou a destinação das verbas públicas para a escola pública, e não para as instituições privadas.
Estas discussões acaloradas sobre o papel do Estado nas questões educacionais possibilitaram, ainda que modestamente, um avanço para as aspirações idealistas nutridas pelos intelectuais envolvidos com os movimentos sociais que reivindicavam mudanças estruturais drásticas que permitiram um sério diálogo com os diversos setores da sociedade à época. O Manifesto ganhou repercussão ao ser publicado na mídia não especializada em 1932, e rapidamente tornou-se público em todas as esferas sociais, como nos diz Paschoal Lemme:

“O Manifesto apareceu na imprensa diária, não especializada, em março de 1932. Posteriormente, em junho desse mesmo ano, foi publicado um volume pela Companhia Editora Nacional, de São Paulo, precedido de uma introdução redigida por Fernando de Azevedo e seguida por algumas apreciações críticas de vários comentaristas e por um Esboço de um Programa Educacional Extraído do Manifesto, em dez itens.”3

Além de Paschoal Lemme, Rosimar Serena Siqueira Esquinsani, em artigo, faz menção à cobertura da imprensa nacional e regional sobre os embates entre os intelectuais do Manifesto e os setores da Igreja Católica contrários às idéias inovadoras e reformuladoras do movimento batizado como Escola nova, ela escreve:

Em meio a esses fatos, a imprensa nacional, e sul-rio-grandense em especial, “deliciou-se” com dezenas de artigos noticiando o andamento dos debates, expondo opiniões dos envolvidos, abrindo espaço para pronunciamentos sobre o assunto, enfim, produzindo um rico material e legando ao futuro a possibilidade de análise e participação no “caso”. 4


OBJETIVOS ALCANÇADOS

Depois deste período de acirradas escaramuças entre os personagens envolvidos na questão, ou seja, de um lado os líderes do Movimento dos Pioneiros e do outro os setores conservadores da Igreja, ocorreu a promulgação da Constituição de 1934, que em parte respondeu aos clamores e anseios daquela época. Se analisarmos o texto outorgado pela Constituição, perceberemos que as pressões dos intelectuais influenciaram a sua redação porque os dois primeiros artigos da carta, a saber: o Art.149 e o Art.156 correspondem exatamente aos objetivos pretendidos pelos Pioneiros, ou seja, um ensino público, laico, obrigatório e gratuito patrocinado e custeado pelo Estado. Para efeito de comparação, vejamos alguns itens levantados por Paschoal Lemme extraídos de sua análise do Manifesto:

a) a educação é considerada, em todos os seus graus, como uma função social e um serviço essencialmente público que o Estado é chamado a realizar com a cooperação de todas as instituições sociais;

b) cabe aos Estados federados organizar, custear e ministrar o ensino em todos os graus, de acordo com os princípios e as normas gerais estabelecidos na Constituição e, em leis ordinárias pela União, a que competem a educação na capital do País, uma ação supletiva onde quer que haja deficiência de meios e a ação fiscalizadora, coordenada e estimulada pelo Ministério da Educação;

c) o sistema escolar deve ser estabelecido nas bases de uma educação integral; em comum para os alunos de um e outro sexo e de acordo com suas aptidões naturais; única para todos e leiga, sendo a educação primária gratuita e obrigatória; o ensino deve tender gradativamente à obrigatoriedade até 18 anos e à gratuidade em todos os graus. 5


OS RETROCESSOS DE 1937

Apesar de todas as lutas e oposições sofridas pelos pioneiros do movimento Escola Nova para por em prática os seus projetos pedagógicos inovadores e do êxito parcial conquistado com a inserção de suas propostas educacionais nos artigos constitucionais da Carta Magna de 1934, que não foram cumpridos na íntegra, os intelectuais enfrentaram os revezes do período ditatorial do governo de Getúlio Vargas denominado Estado Novo.
Neste período de grande conturbação e repressão impingidas pelo autoritarismo getulista, muitas conquistas amealhadas em 34 foram varridas para baixo do tapete e uma nova Carta Constitucional que ignorava os direitos anteriormente assegurados foi outorgada. A nova constituição eximia o governo de aplicar recursos à educação bem como consolidava a desigualdade social e a exclusão das camadas mais pobres da sociedade a um ensino igualitário e de qualidade. O governo de Getúlio Vargas deu maior ênfase ao ensino particular, eximindo-se assim do papel de mantenedor da educação pública gratuita. Priorizou um ensino segmentado em classes distintas, perpetuando a segregação e a discriminação das parcelas desprivilegiadas da população. Vejamos o que nos diz Veronese e Vieira:

“Concedeu-se grande privilégio ao ensino particular. Exemplo disso é a subsidiariedade do ensino público em relação ao ensino privado. A preferência pelo ensino particular demonstrava a intenção do governo getulista em se eximir da responsabilidade no que tange à matéria educacional. A educação tornara-se, deste modo, responsabilidade exclusiva das famílias e da sociedade civil. No texto constitucional não havia nenhuma indicação de recursos a serem utilizados pela União e pelos Estados na criação e manutenção dos sistemas de ensino. Para que os objetivos político-econômicos da gestão de Getúlio Vargas fossem plenamente realizáveis, deu-se preferência ao ensino profissionalizante das classes menos favorecidas. Esta “preferência” demonstrava uma política educacional totalmente discriminatória: aos pobres era oferecido ensino profissionalizante e aos ricos cabia o privilégio de freqüentar uma escola secundária voltada à formação intelectual da elite. Depreendesse da leitura do art. 129 da Constituição de 1937 a opção pela distinção na educação de ricos e pobres”.6

A Ditadura Militar, como temos visto, criou profundos entraves aos processos democráticos e educacionais brasileiros, impossibilitando que o país avançasse no que diz respeito à produção do conhecimento e desenvolvimento de um projeto palpável e eficaz de ensino que alavancasse a sociedade, sobretudo, dos excluídos das camadas mais pobres aos mecanismos de ruptura dos laços do ostracismo cultural herdado de nosso passado colonial de subserviência e dominação portuguesa.



































BIBLIOGRAFIA

1ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Historia da Educação. Ed.rev.atual. São Paulo: Moderna, 1996.

2 BOMENY, Helena.O "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova e suas Repercussões na Realidade Educacional Brasileira. Disponível em: <http://www.inep.gov.br/download/70Anos/Texto_Paschoal_Lemme.pdf > Acessado em: 13/03/2009

3LEMME, Paschoal.O "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. R. Bras.Est.Ped, Brasília, v.86, n.212,p.173, Jan./abr. 2005.Disponível em: <http://www.inep.gov.br/download/70Anos/Texto_Paschoal_Lemme.pdf > Acessado em: 13/03/2009

4ESQUINSANI, Rosimar Serena Siqueira. A Recepção Regional ao Debate que Precedeu a
LDB 4.024/1961. Disponível em: <http://www.smec.salvador.bahia.gov.br/> Acessado em: 14/03/2009.

5LEMME, op.cit. p.174.

6 VERONESE, Josiane Rose Petry; VIEIRA, Cleverton Elias. A Educação Básica na Legislação Brasileira. Seqüência, Santa Catarina, v.47, p.104, 2006. Disponível em: www.buscalegis.ufsc.br/revistas/index.php/sequencia/article/view/1245/1241> Acessado em: 14/03/2009.









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O movimento dos pioneiros, encabeçado por Fernando de Azevedo e por mais 26 educadores, levantou a bandeira contra a escola elitista e o modelo acadêmico tradicional patrocinado pela Igreja Católica que o monopolizava. Tal atitude revolucionária levantou discussões acaloradas entre os educadores envolvidos e os setores conservadores católicos, para os quais apenas a educação baseada na doutrina cristã era verdadeira. O Manifesto dos Pioneiros representa uma ação vigorosa e corajosa contra a arbitrariedade do ensino confessional católico elitista e fomentador da desigualdade social, bem como uma resposta à necessidade de reformas educacionais urgentes que se coadunassem com os ideais da Democracia e da modernidade.
Segundo Aranha e Helena Bomeny, o documento elenca algumas idéias importantes para o processo educacional, são elas:

“ A educação obrigatória, pública, gratuita e leiga como um dever do Estado, a ser implantada em programa de âmbito nacional. Critica o sistema dual, que destina uma escola para os ricos e outra para os pobres, reivindicando a escola básica única.”1

“Ao ser lançado, em meio ao processo de reordenação política resultante da Revolução de 30, o documento se tornou o marco inaugural do projeto de renovação educacional do país. Além de constatar a desorganização do aparelho escolar, propunha que o Estado organizasse um plano geral de educação e defendia a bandeira de uma escola única, pública, laica, obrigatória e gratuita.”2


Na visão dos educadores reformistas, a escola devia sofrer um processo de laicização e todas as camadas da sociedade deveriam ser beneficiadas por tais transformações. O"otimismo pedagógico" que norteava as ações de oposição à caducidade do sistema vigente era influenciado pela necessidade de adequação aos aspectos desenvolvimentistas perceptíveis no início do Século XX, pelo Pragmatismo de John Dewey, do qual Anísio Teixeira, um dos intelectuais do movimento sorveu a longos haustos e também pelas teorias positivistas de Durkheime.
No Manifesto dos Pioneiros, redigido pelos intelectuais brasileiros insatisfeitos com o cenário de indiferentismo do Governo Federal diante das questões educacionais de então, estavam escritas as principais idéias e princípios para pressionar os mandatários da nação a implementar um plano educacional que atendesse às exigências da modernidade e aos princípios constitucionais democráticos de igualdade, sem acepções. Além disso, também reivindicou a destinação das verbas públicas para a escola pública, e não para as instituições privadas.
Estas discussões acaloradas sobre o papel do Estado nas questões educacionais possibilitaram, ainda que modestamente, um avanço para as aspirações idealistas nutridas pelos intelectuais envolvidos com os movimentos sociais que reivindicavam mudanças estruturais drásticas que permitiram um sério diálogo com os diversos setores da sociedade à época. O Manifesto ganhou repercussão ao ser publicado na mídia não especializada em 1932, e rapidamente tornou-se público em todas as esferas sociais, como nos diz Paschoal Lemme:

“O Manifesto apareceu na imprensa diária, não especializada, em março de 1932. Posteriormente, em junho desse mesmo ano, foi publicado um volume pela Companhia Editora Nacional, de São Paulo, precedido de uma introdução redigida por Fernando de Azevedo e seguida por algumas apreciações críticas de vários comentaristas e por um Esboço de um Programa Educacional Extraído do Manifesto, em dez itens.”3

Além de Paschoal Lemme, Rosimar Serena Siqueira Esquinsani, em artigo, faz menção à cobertura da imprensa nacional e regional sobre os embates entre os intelectuais do Manifesto e os setores da Igreja Católica contrários às idéias inovadoras e reformuladoras do movimento batizado como Escola nova, ela escreve:

Em meio a esses fatos, a imprensa nacional, e sul-rio-grandense em especial, “deliciou-se” com dezenas de artigos noticiando o andamento dos debates, expondo opiniões dos envolvidos, abrindo espaço para pronunciamentos sobre o assunto, enfim, produzindo um rico material e legando ao futuro a possibilidade de análise e participação no “caso”. 4


OBJETIVOS ALCANÇADOS

Depois deste período de acirradas escaramuças entre os personagens envolvidos na questão, ou seja, de um lado os líderes do Movimento dos Pioneiros e do outro os setores conservadores da Igreja, ocorreu a promulgação da Constituição de 1934, que em parte respondeu aos clamores e anseios daquela época. Se analisarmos o texto outorgado pela Constituição, perceberemos que as pressões dos intelectuais influenciaram a sua redação porque os dois primeiros artigos da carta, a saber: o Art.149 e o Art.156 correspondem exatamente aos objetivos pretendidos pelos Pioneiros, ou seja, um ensino público, laico, obrigatório e gratuito patrocinado e custeado pelo Estado. Para efeito de comparação, vejamos alguns itens levantados por Paschoal Lemme extraídos de sua análise do Manifesto:

a) a educação é considerada, em todos os seus graus, como uma função social e um serviço essencialmente público que o Estado é chamado a realizar com a cooperação de todas as instituições sociais;

b) cabe aos Estados federados organizar, custear e ministrar o ensino em todos os graus, de acordo com os princípios e as normas gerais estabelecidos na Constituição e, em leis ordinárias pela União, a que competem a educação na capital do País, uma ação supletiva onde quer que haja deficiência de meios e a ação fiscalizadora, coordenada e estimulada pelo Ministério da Educação;

c) o sistema escolar deve ser estabelecido nas bases de uma educação integral; em comum para os alunos de um e outro sexo e de acordo com suas aptidões naturais; única para todos e leiga, sendo a educação primária gratuita e obrigatória; o ensino deve tender gradativamente à obrigatoriedade até 18 anos e à gratuidade em todos os graus. 5


OS RETROCESSOS DE 1937

Apesar de todas as lutas e oposições sofridas pelos pioneiros do movimento Escola Nova para por em prática os seus projetos pedagógicos inovadores e do êxito parcial conquistado com a inserção de suas propostas educacionais nos artigos constitucionais da Carta Magna de 1934, que não foram cumpridos na íntegra, os intelectuais enfrentaram os revezes do período ditatorial do governo de Getúlio Vargas denominado Estado Novo.
Neste período de grande conturbação e repressão impingidas pelo autoritarismo getulista, muitas conquistas amealhadas em 34 foram varridas para baixo do tapete e uma nova Carta Constitucional que ignorava os direitos anteriormente assegurados foi outorgada. A nova constituição eximia o governo de aplicar recursos à educação bem como consolidava a desigualdade social e a exclusão das camadas mais pobres da sociedade a um ensino igualitário e de qualidade. O governo de Getúlio Vargas deu maior ênfase ao ensino particular, eximindo-se assim do papel de mantenedor da educação pública gratuita. Priorizou um ensino segmentado em classes distintas, perpetuando a segregação e a discriminação das parcelas desprivilegiadas da população. Vejamos o que nos diz Veronese e Vieira:

“Concedeu-se grande privilégio ao ensino particular. Exemplo disso é a subsidiariedade do ensino público em relação ao ensino privado. A preferência pelo ensino particular demonstrava a intenção do governo getulista em se eximir da responsabilidade no que tange à matéria educacional. A educação tornara-se, deste modo, responsabilidade exclusiva das famílias e da sociedade civil. No texto constitucional não havia nenhuma indicação de recursos a serem utilizados pela União e pelos Estados na criação e manutenção dos sistemas de ensino. Para que os objetivos político-econômicos da gestão de Getúlio Vargas fossem plenamente realizáveis, deu-se preferência ao ensino profissionalizante das classes menos favorecidas. Esta “preferência” demonstrava uma política educacional totalmente discriminatória: aos pobres era oferecido ensino profissionalizante e aos ricos cabia o privilégio de freqüentar uma escola secundária voltada à formação intelectual da elite. Depreendesse da leitura do art. 129 da Constituição de 1937 a opção pela distinção na educação de ricos e pobres”.6

A Ditadura Militar, como temos visto, criou profundos entraves aos processos democráticos e educacionais brasileiros, impossibilitando que o país avançasse no que diz respeito à produção do conhecimento e desenvolvimento de um projeto palpável e eficaz de ensino que alavancasse a sociedade, sobretudo, dos excluídos das camadas mais pobres aos mecanismos de ruptura dos laços do ostracismo cultural herdado de nosso passado colonial de subserviência e dominação portuguesa.



































BIBLIOGRAFIA

1ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Historia da Educação. Ed.rev.atual. São Paulo: Moderna, 1996.

2 BOMENY, Helena.O "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova e suas Repercussões na Realidade Educacional Brasileira. Disponível em: <http://www.inep.gov.br/download/70Anos/Texto_Paschoal_Lemme.pdf > Acessado em: 13/03/2009

3LEMME, Paschoal.O "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. R. Bras.Est.Ped, Brasília, v.86, n.212,p.173, Jan./abr. 2005.Disponível em: <http://www.inep.gov.br/download/70Anos/Texto_Paschoal_Lemme.pdf > Acessado em: 13/03/2009

4ESQUINSANI, Rosimar Serena Siqueira. A Recepção Regional ao Debate que Precedeu a
LDB 4.024/1961. Disponível em: <http://www.smec.salvador.bahia.gov.br/> Acessado em: 14/03/2009.

5LEMME, op.cit. p.174.

6 VERONESE, Josiane Rose Petry; VIEIRA, Cleverton Elias. A Educação Básica na Legislação Brasileira. Seqüência, Santa Catarina, v.47, p.104, 2006. Disponível em: www.buscalegis.ufsc.br/revistas/index.php/sequencia/article/view/1245/1241> Acessado em: 14/03/2009.









.

























O movimento dos pioneiros, encabeçado por Fernando de Azevedo e por mais 26 educadores, levantou a bandeira contra a escola elitista e o modelo acadêmico tradicional patrocinado pela Igreja Católica que o monopolizava. Tal atitude revolucionária levantou discussões acaloradas entre os educadores envolvidos e os setores conservadores católicos, para os quais apenas a educação baseada na doutrina cristã era verdadeira. O Manifesto dos Pioneiros representa uma ação vigorosa e corajosa contra a arbitrariedade do ensino confessional católico elitista e fomentador da desigualdade social, bem como uma resposta à necessidade de reformas educacionais urgentes que se coadunassem com os ideais da Democracia e da modernidade.
Segundo Aranha e Helena Bomeny, o documento elenca algumas idéias importantes para o processo educacional, são elas:

“ A educação obrigatória, pública, gratuita e leiga como um dever do Estado, a ser implantada em programa de âmbito nacional. Critica o sistema dual, que destina uma escola para os ricos e outra para os pobres, reivindicando a escola básica única.”1

“Ao ser lançado, em meio ao processo de reordenação política resultante da Revolução de 30, o documento se tornou o marco inaugural do projeto de renovação educacional do país. Além de constatar a desorganização do aparelho escolar, propunha que o Estado organizasse um plano geral de educação e defendia a bandeira de uma escola única, pública, laica, obrigatória e gratuita.”2


Na visão dos educadores reformistas, a escola devia sofrer um processo de laicização e todas as camadas da sociedade deveriam ser beneficiadas por tais transformações. O"otimismo pedagógico" que norteava as ações de oposição à caducidade do sistema vigente era influenciado pela necessidade de adequação aos aspectos desenvolvimentistas perceptíveis no início do Século XX, pelo Pragmatismo de John Dewey, do qual Anísio Teixeira, um dos intelectuais do movimento sorveu a longos haustos e também pelas teorias positivistas de Durkheime.
No Manifesto dos Pioneiros, redigido pelos intelectuais brasileiros insatisfeitos com o cenário de indiferentismo do Governo Federal diante das questões educacionais de então, estavam escritas as principais idéias e princípios para pressionar os mandatários da nação a implementar um plano educacional que atendesse às exigências da modernidade e aos princípios constitucionais democráticos de igualdade, sem acepções. Além disso, também reivindicou a destinação das verbas públicas para a escola pública, e não para as instituições privadas.
Estas discussões acaloradas sobre o papel do Estado nas questões educacionais possibilitaram, ainda que modestamente, um avanço para as aspirações idealistas nutridas pelos intelectuais envolvidos com os movimentos sociais que reivindicavam mudanças estruturais drásticas que permitiram um sério diálogo com os diversos setores da sociedade à época. O Manifesto ganhou repercussão ao ser publicado na mídia não especializada em 1932, e rapidamente tornou-se público em todas as esferas sociais, como nos diz Paschoal Lemme:

“O Manifesto apareceu na imprensa diária, não especializada, em março de 1932. Posteriormente, em junho desse mesmo ano, foi publicado um volume pela Companhia Editora Nacional, de São Paulo, precedido de uma introdução redigida por Fernando de Azevedo e seguida por algumas apreciações críticas de vários comentaristas e por um Esboço de um Programa Educacional Extraído do Manifesto, em dez itens.”3

Além de Paschoal Lemme, Rosimar Serena Siqueira Esquinsani, em artigo, faz menção à cobertura da imprensa nacional e regional sobre os embates entre os intelectuais do Manifesto e os setores da Igreja Católica contrários às idéias inovadoras e reformuladoras do movimento batizado como Escola nova, ela escreve:

Em meio a esses fatos, a imprensa nacional, e sul-rio-grandense em especial, “deliciou-se” com dezenas de artigos noticiando o andamento dos debates, expondo opiniões dos envolvidos, abrindo espaço para pronunciamentos sobre o assunto, enfim, produzindo um rico material e legando ao futuro a possibilidade de análise e participação no “caso”. 4


OBJETIVOS ALCANÇADOS

Depois deste período de acirradas escaramuças entre os personagens envolvidos na questão, ou seja, de um lado os líderes do Movimento dos Pioneiros e do outro os setores conservadores da Igreja, ocorreu a promulgação da Constituição de 1934, que em parte respondeu aos clamores e anseios daquela época. Se analisarmos o texto outorgado pela Constituição, perceberemos que as pressões dos intelectuais influenciaram a sua redação porque os dois primeiros artigos da carta, a saber: o Art.149 e o Art.156 correspondem exatamente aos objetivos pretendidos pelos Pioneiros, ou seja, um ensino público, laico, obrigatório e gratuito patrocinado e custeado pelo Estado. Para efeito de comparação, vejamos alguns itens levantados por Paschoal Lemme extraídos de sua análise do Manifesto:

a) a educação é considerada, em todos os seus graus, como uma função social e um serviço essencialmente público que o Estado é chamado a realizar com a cooperação de todas as instituições sociais;

b) cabe aos Estados federados organizar, custear e ministrar o ensino em todos os graus, de acordo com os princípios e as normas gerais estabelecidos na Constituição e, em leis ordinárias pela União, a que competem a educação na capital do País, uma ação supletiva onde quer que haja deficiência de meios e a ação fiscalizadora, coordenada e estimulada pelo Ministério da Educação;

c) o sistema escolar deve ser estabelecido nas bases de uma educação integral; em comum para os alunos de um e outro sexo e de acordo com suas aptidões naturais; única para todos e leiga, sendo a educação primária gratuita e obrigatória; o ensino deve tender gradativamente à obrigatoriedade até 18 anos e à gratuidade em todos os graus. 5


OS RETROCESSOS DE 1937

Apesar de todas as lutas e oposições sofridas pelos pioneiros do movimento Escola Nova para por em prática os seus projetos pedagógicos inovadores e do êxito parcial conquistado com a inserção de suas propostas educacionais nos artigos constitucionais da Carta Magna de 1934, que não foram cumpridos na íntegra, os intelectuais enfrentaram os revezes do período ditatorial do governo de Getúlio Vargas denominado Estado Novo.
Neste período de grande conturbação e repressão impingidas pelo autoritarismo getulista, muitas conquistas amealhadas em 34 foram varridas para baixo do tapete e uma nova Carta Constitucional que ignorava os direitos anteriormente assegurados foi outorgada. A nova constituição eximia o governo de aplicar recursos à educação bem como consolidava a desigualdade social e a exclusão das camadas mais pobres da sociedade a um ensino igualitário e de qualidade. O governo de Getúlio Vargas deu maior ênfase ao ensino particular, eximindo-se assim do papel de mantenedor da educação pública gratuita. Priorizou um ensino segmentado em classes distintas, perpetuando a segregação e a discriminação das parcelas desprivilegiadas da população. Vejamos o que nos diz Veronese e Vieira:

“Concedeu-se grande privilégio ao ensino particular. Exemplo disso é a subsidiariedade do ensino público em relação ao ensino privado. A preferência pelo ensino particular demonstrava a intenção do governo getulista em se eximir da responsabilidade no que tange à matéria educacional. A educação tornara-se, deste modo, responsabilidade exclusiva das famílias e da sociedade civil. No texto constitucional não havia nenhuma indicação de recursos a serem utilizados pela União e pelos Estados na criação e manutenção dos sistemas de ensino. Para que os objetivos político-econômicos da gestão de Getúlio Vargas fossem plenamente realizáveis, deu-se preferência ao ensino profissionalizante das classes menos favorecidas. Esta “preferência” demonstrava uma política educacional totalmente discriminatória: aos pobres era oferecido ensino profissionalizante e aos ricos cabia o privilégio de freqüentar uma escola secundária voltada à formação intelectual da elite. Depreendesse da leitura do art. 129 da Constituição de 1937 a opção pela distinção na educação de ricos e pobres”.6

A Ditadura Militar, como temos visto, criou profundos entraves aos processos democráticos e educacionais brasileiros, impossibilitando que o país avançasse no que diz respeito à produção do conhecimento e desenvolvimento de um projeto palpável e eficaz de ensino que alavancasse a sociedade, sobretudo, dos excluídos das camadas mais pobres aos mecanismos de ruptura dos laços do ostracismo cultural herdado de nosso passado colonial de subserviência e dominação portuguesa.



































BIBLIOGRAFIA

1ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Historia da Educação. Ed.rev.atual. São Paulo: Moderna, 1996.

2 BOMENY, Helena.O "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova e suas Repercussões na Realidade Educacional Brasileira. Disponível em: <http://www.inep.gov.br/download/70Anos/Texto_Paschoal_Lemme.pdf > Acessado em: 13/03/2009

3LEMME, Paschoal.O "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. R. Bras.Est.Ped, Brasília, v.86, n.212,p.173, Jan./abr. 2005.Disponível em: <http://www.inep.gov.br/download/70Anos/Texto_Paschoal_Lemme.pdf > Acessado em: 13/03/2009

4ESQUINSANI, Rosimar Serena Siqueira. A Recepção Regional ao Debate que Precedeu a
LDB 4.024/1961. Disponível em: <http://www.smec.salvador.bahia.gov.br/> Acessado em: 14/03/2009.

5LEMME, op.cit. p.174.

6 VERONESE, Josiane Rose Petry; VIEIRA, Cleverton Elias. A Educação Básica na Legislação Brasileira. Seqüência, Santa Catarina, v.47, p.104, 2006. Disponível em: www.buscalegis.ufsc.br/revistas/index.php/sequencia/article/view/1245/1241> Acessado em: 14/03/2009.









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O movimento dos pioneiros, encabeçado por Fernando de Azevedo e por mais 26 educadores, levantou a bandeira contra a escola elitista e o modelo acadêmico tradicional patrocinado pela Igreja Católica que o monopolizava. Tal atitude revolucionária levantou discussões acaloradas entre os educadores envolvidos e os setores conservadores católicos, para os quais apenas a educação baseada na doutrina cristã era verdadeira. O Manifesto dos Pioneiros representa uma ação vigorosa e corajosa contra a arbitrariedade do ensino confessional católico elitista e fomentador da desigualdade social, bem como uma resposta à necessidade de reformas educacionais urgentes que se coadunassem com os ideais da Democracia e da modernidade.
Segundo Aranha e Helena Bomeny, o documento elenca algumas idéias importantes para o processo educacional, são elas:

“ A educação obrigatória, pública, gratuita e leiga como um dever do Estado, a ser implantada em programa de âmbito nacional. Critica o sistema dual, que destina uma escola para os ricos e outra para os pobres, reivindicando a escola básica única.”1

“Ao ser lançado, em meio ao processo de reordenação política resultante da Revolução de 30, o documento se tornou o marco inaugural do projeto de renovação educacional do país. Além de constatar a desorganização do aparelho escolar, propunha que o Estado organizasse um plano geral de educação e defendia a bandeira de uma escola única, pública, laica, obrigatória e gratuita.”2

Na visão dos educadores reformistas, a escola devia sofrer um processo de laicização e todas as camadas da sociedade deveriam ser beneficiadas por tais transformações. O"otimismo pedagógico" que norteava as ações de oposição à caducidade do sistema vigente era influenciado pela necessidade de adequação aos aspectos desenvolvimentistas perceptíveis no início do Século XX, pelo Pragmatismo de John Dewey, do qual Anísio Teixeira, um dos intelectuais do movimento sorveu a longos haustos e também pelas teorias positivistas de Durkheime.

No Manifesto dos Pioneiros, redigido pelos intelectuais brasileiros insatisfeitos com o cenário de indiferentismo do Governo Federal diante das questões educacionais de então, estavam escritas as principais idéias e princípios para pressionar os mandatários da nação a implementar um plano educacional que atendesse às exigências da modernidade e aos princípios constitucionais democráticos de igualdade, sem acepções. Além disso, também reivindicou a destinação das verbas públicas para a escola pública, e não para as instituições privadas.

Estas discussões acaloradas sobre o papel do Estado nas questões educacionais possibilitaram, ainda que modestamente, um avanço para as aspirações idealistas nutridas pelos intelectuais envolvidos com os movimentos sociais que reivindicavam mudanças estruturais drásticas que permitiram um sério diálogo com os diversos setores da sociedade à época. O Manifesto ganhou repercussão ao ser publicado na mídia não especializada em 1932, e rapidamente tornou-se público em todas as esferas sociais, como nos diz Paschoal Lemme:

“O Manifesto apareceu na imprensa diária, não especializada, em março de 1932. Posteriormente, em junho desse mesmo ano, foi publicado um volume pela Companhia Editora Nacional, de São Paulo, precedido de uma introdução redigida por Fernando de Azevedo e seguida por algumas apreciações críticas de vários comentaristas e por um Esboço de um Programa Educacional Extraído do Manifesto, em dez itens.”3

Além de Paschoal Lemme, Rosimar Serena Siqueira Esquinsani, em artigo, faz menção à cobertura da imprensa nacional e regional sobre os embates entre os intelectuais do Manifesto e os setores da Igreja Católica contrários às idéias inovadoras e reformuladoras do movimento batizado como Escola nova, ela escreve:

Em meio a esses fatos, a imprensa nacional, e sul-rio-grandense em especial, “deliciou-se” com dezenas de artigos noticiando o andamento dos debates, expondo opiniões dos envolvidos, abrindo espaço para pronunciamentos sobre o assunto, enfim, produzindo um rico material e legando ao futuro a possibilidade de análise e participação no “caso”. 4


OBJETIVOS ALCANÇADOS

Depois deste período de acirradas escaramuças entre os personagens envolvidos na questão, ou seja, de um lado os líderes do Movimento dos Pioneiros e do outro os setores conservadores da Igreja, ocorreu a promulgação da Constituição de 1934, que em parte respondeu aos clamores e anseios daquela época. Se analisarmos o texto outorgado pela Constituição, perceberemos que as pressões dos intelectuais influenciaram a sua redação porque os dois primeiros artigos da carta, a saber: o Art.149 e o Art.156 correspondem exatamente aos objetivos pretendidos pelos Pioneiros, ou seja, um ensino público, laico, obrigatório e gratuito patrocinado e custeado pelo Estado. Para efeito de comparação, vejamos alguns itens levantados por Paschoal Lemme extraídos de sua análise do Manifesto:

a) a educação é considerada, em todos os seus graus, como uma função social e um serviço essencialmente público que o Estado é chamado a realizar com a cooperação de todas as instituições sociais;

b) cabe aos Estados federados organizar, custear e ministrar o ensino em todos os graus, de acordo com os princípios e as normas gerais estabelecidos na Constituição e, em leis ordinárias pela União, a que competem a educação na capital do País, uma ação supletiva onde quer que haja deficiência de meios e a ação fiscalizadora, coordenada e estimulada pelo Ministério da Educação;

c) o sistema escolar deve ser estabelecido nas bases de uma educação integral; em comum para os alunos de um e outro sexo e de acordo com suas aptidões naturais; única para todos e leiga, sendo a educação primária gratuita e obrigatória; o ensino deve tender gradativamente à obrigatoriedade até 18 anos e à gratuidade em todos os graus. 5


OS RETROCESSOS DE 1937

Apesar de todas as lutas e oposições sofridas pelos pioneiros do movimento Escola Nova para por em prática os seus projetos pedagógicos inovadores e do êxito parcial conquistado com a inserção de suas propostas educacionais nos artigos constitucionais da Carta Magna de 1934, que não foram cumpridos na íntegra, os intelectuais enfrentaram os revezes do período ditatorial do governo de Getúlio Vargas denominado Estado Novo.
Neste período de grande conturbação e repressão impingidas pelo autoritarismo getulista, muitas conquistas amealhadas em 34 foram varridas para baixo do tapete e uma nova Carta Constitucional que ignorava os direitos anteriormente assegurados foi outorgada. A nova constituição eximia o governo de aplicar recursos à educação bem como consolidava a desigualdade social e a exclusão das camadas mais pobres da sociedade a um ensino igualitário e de qualidade. O governo de Getúlio Vargas deu maior ênfase ao ensino particular, eximindo-se assim do papel de mantenedor da educação pública gratuita. Priorizou um ensino segmentado em classes distintas, perpetuando a segregação e a discriminação das parcelas desprivilegiadas da população. Vejamos o que nos diz Veronese e Vieira:

“Concedeu-se grande privilégio ao ensino particular. Exemplo disso é a subsidiariedade do ensino público em relação ao ensino privado. A preferência pelo ensino particular demonstrava a intenção do governo getulista em se eximir da responsabilidade no que tange à matéria educacional. A educação tornara-se, deste modo, responsabilidade exclusiva das famílias e da sociedade civil. No texto constitucional não havia nenhuma indicação de recursos a serem utilizados pela União e pelos Estados na criação e manutenção dos sistemas de ensino. Para que os objetivos político-econômicos da gestão de Getúlio Vargas fossem plenamente realizáveis, deu-se preferência ao ensino profissionalizante das classes menos favorecidas. Esta “preferência” demonstrava uma política educacional totalmente discriminatória: aos pobres era oferecido ensino profissionalizante e aos ricos cabia o privilégio de freqüentar uma escola secundária voltada à formação intelectual da elite. Depreendesse da leitura do art. 129 da Constituição de 1937 a opção pela distinção na educação de ricos e pobres”.6

A Ditadura Militar, como temos visto, criou profundos entraves aos processos democráticos e educacionais brasileiros, impossibilitando que o país avançasse no que diz respeito à produção do conhecimento e desenvolvimento de um projeto palpável e eficaz de ensino que alavancasse a sociedade, sobretudo, dos excluídos das camadas mais pobres aos mecanismos de ruptura dos laços do ostracismo cultural herdado de nosso passado colonial de subserviência e dominação portuguesa.

BIBLIOGRAFIA

1ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Historia da Educação. Ed.rev.atual. São Paulo: Moderna, 1996.

2 BOMENY, Helena.O "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova e suas Repercussões na Realidade Educacional Brasileira. Disponível em: <http://www.inep.gov.br/download/70Anos/Texto_Paschoal_Lemme.pdf > Acessado em: 13/03/2009

3LEMME, Paschoal.O "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. R. Bras.Est.Ped, Brasília, v.86, n.212,p.173, Jan./abr. 2005.Disponível em: <http://www.inep.gov.br/download/70Anos/Texto_Paschoal_Lemme.pdf > Acessado em: 13/03/2009

4ESQUINSANI, Rosimar Serena Siqueira. A Recepção Regional ao Debate que Precedeu a
LDB 4.024/1961. Disponível em: <http://www.smec.salvador.bahia.gov.br/> Acessado em: 14/03/2009.

5LEMME, op.cit. p.174.

6 VERONESE, Josiane Rose Petry; VIEIRA, Cleverton Elias. A Educação Básica na Legislação Brasileira. Seqüência, Santa Catarina, v.47, p.104, 2006. Disponível em: www.buscalegis.ufsc.br/revistas/index.php/sequencia/article/view/1245/1241> Acessado em: 14/03/2009.









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domingo, 14 de dezembro de 2008

OS UMBRAIS DA ETERNIDADE



A estrada dos peregrinos neste mundo por vezes se mostrará sinuosa e inóspita. Perigos incontáveis se mostrarão a cada curva. Uma surpresa inesperada de cada vez e, em meio a duras provas e perseguições impingidas por algozes invisíveis ou não, o viajor terá, enfim, a visão da glória sempiterna. O pensamento pode ser traído por imagens disformes de miragens enganadoras; mas, de súbito, num rompante inesperado os portais de Sião não serão mais desconhecidos. Estarão ao alcance dos olhos como um tesouro recém-descoberto por aventureiros.


Há na trilha perseguida por todos nós, lampejos de esperança que transcendem os desejos da alma e pervadem de gozo o coração ofegante pela eternidade. Palavras e atos se perdem no vácuo de apelos terreais e se despem de sentido quando verdadeiras sensações etéreas nos envolverem como que num abarcar de emoções nunca vivenciadas.


Nós, reles mortais, não conhecemos o infinito, o eterno, o imorredouro. Transpor os umbrais do mundo através da morte será contemplar o novo, o mistério dos mistérios inconcebíveis aos homens.Esta perspectiva, no entanto, pode ser vista como loucura por alguns, devaneio por outros, ou utopia religiosa para aqueles que procuram com todas as forças de sua incredulidade esmaecer com suas dúvidas os anelos mais salutares sobre o céu. Todavia, o vociferar dos incréus não pode roubar o esplendor da cena deslumbrante que será comtemplada em um só momento inédito, quando ao se fechar os olhos neste mundo, o peregrino se deparar com a visão esplendida de uma terra áurea de encantos imortais.


Oh! Meu espírito já pode ouvir aquela música maviosa. O dedilhar de harpas angelicais. O ecoar de vozes de júbilo que em coro uníssono elevam louvores de gratidão ao Cordeiro. Eu posso ver ainda que distante, os rumores de uma nova aurora e o resplendor de uma manhã sem nuvens. Eu os vejo trajados de branco em alvor divinais já distantes das dores e cuidados de aquém. Não tenho palavras. Estou em êxtase. Meus sentidos vibram com a visão majestosa!


Aquela manhã trará consigo suas bênçãos. Ver-nos-emos incólumes e destituídos de valores deste mundo. Nossas vidas inteiramente tocadas pelos raios de um novo sol não mais sentirão o peso dos lavores de outrora e, nem tampouco o fragor das tribulações deste século mal. Não mais me viverei em dor, ou desamparado, ou humilhado em meu espírito pelo fardo do tempo. Estaremos livres das paixões da natureza adâmica e dos malditos sinais da queda, que precipitaram a humanidade no caos.Ali serei poupado de preocupações e angústias traiçoeiras. Então saberei que era conhecido por aquele que sempre me conheceu. Em apenas olhar saberei que sou amado, querido, bem—vindo ao lar.


Ah! Se só por um momento nos detivéssemos a imaginar aquela terra. Ah! Se déssemos ouvidos aos apelos do mestre. Então nosso ser seria absorvido pela glória e da certeza implacável de um novo mundo no qual habitam a justiça e a retidão – as regiões da santidade.Pensem nas multidões dos santos unidos pelos séculos dos séculos. Miríades de miríades. Incontáveis faces radiantes refletindo o vigor da incorruptibilidade e o viço do verdor de uma nova afeição. Uma personalidade divinal, moldada à semelhança do caráter imaculado de nosso Senhor Jesus Cristo. Provenientes de todos os rincões da terra. São os salvos pelo cordeiro das inumeráveis regiões do globo. Agora feitos herdeiros do altíssimo e participantes de sua semelhança.


Já posso ver os cristais e os sorrisos daqueles que de novo se reencontraram depois da longa espera no sono da morte. Por fim despertados pelos clangor imponente das trombetas do Senhor, são em um dado momento reunidos à família dos justos para viverem para sempre a bem-aventurança. Outrora choraram; agora sorriem. Outrora dispersos pelo mundo; agora reunidos como filhos amados. Outrora desconhecidos; mas agora conhecidos. Outrora em vergonha e ignomínia; agora em glória e dulçor. Seus rostos não são mais da terra. Seus corações não mais gemem. Estão mergulhados em amor diante daquele que os amou ainda antes de tudo existir.


Que magnífica visão dos santos! Todos redimidos reunidos para sempre na terra imortal. Distantes dos infortúnios e desvarios do orbe, agora descansarão imersos na santidade das plagas luzentes da mui feliz Jerusalém. Antes eram peregrinos e desterrados em um mundo que os odiava. Entretanto, ao transpor os umbrais eternos se vêem abraçados e acolhidos pelo amor incomensurável do Eterno. Estão de volta ao lar. São agora cidadãos da cidade de Deus.As solenidades serão indescritíveis. Nossas palavras se perdem no transcendental deslumbre dos campos infinitos onde a alegria e a paz serão irmãs num conclave de perfeitas harmonias celestiais. Os dignitários pela graça benfazeja do calvário serão condecorados por sua lealdade ao Cordeiro. O Senhor se comprazerá deles com ternura.

O EXEMPLO DE AMOR


Cristo palmilhou pelas estradas empoeiradas da terra de Israel levando adiante a divina tarefa de conduzir o homem perdido novamente à presença do Pai. Sobre sua existência de altruísmo e amor ao próximo encontraremos farto material nas Sagradas Escrituras, o registro fiel de sua vida e obra.

O Relato maravilhoso do seu nascimento e as circunstâncias extraordinárias que envolveram o mesmo são provas cabais e incontestáveis de sua missão e origem divinas. Devemos atentar para este fato e, nesta data emblemática para todos nós cristãos, reiterar nossos votos de fidelidade e lealdade aquele que um dia se fez homem e habitou entre nós. João sobre ele escreveu extasiado: “E o verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” ( Jo 1.14). Dele também Isaías vaticinou com igual encantamento: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” ( Is 9.6).

Não podemos nestes dias de incredulidade e abandono da verdade bíblica nos deixar influenciar por aqueles que envolvidos pela operação do erro, contradizem o relato inspirado e levantam dúvidas sobre a natureza divina de nosso Senhor e a eficácia de sua obra expiatória. A ação do Espírito através da palavra é poderosa o suficiente para expulsar todos os laivos de incredulidade que revoluteiam nossas mentes, bem como aniquilar todos os sofismas e filosofias estranhas que se levantam insufladas pelo inimigo para causar desconforto ao coração dos fiéis.

A realidade de nossa fé repousa na crença de que a verdade bíblica é fidedigna e o testemunho apostólico ilibado para dar cimentação à nossa esperança. Cremos que Jesus nasceu em Belém da Judéia, cresceu e se tornou homem segundo a narrativa escriturística porque atestamos pela ação do Santo Espírito a veracidade dos seus registros. Confiamos na autoridade ocular dos que conviveram com o Senhor e puderam deixar para as gerações vindouras todos os momentos que viveram e participaram da humanidade de nosso mestre enquanto homem entre nós.

João em sua Primeira Epístola Universal assevera: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida. Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o pai, e nos foi manifestada; O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu filho Jesus Cristo. Estas coisas vos escrevemos para que o vosso gozo se cumpra" (1 Jo 1-4).

Que abramos os nossos corações para que o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo esteja para sempre em nossos corações, e o seu exemplo de humanidade a serviço do Pai seja nossa inspiração e motivação para cumprirmos o nosso ministério até que ele volte e o nosso gozo seja ainda mais completo. Feliz natal!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

A NOIVA E O SEU EXEMPLO


A Igreja de Cristo deve cumprir o seu papel de mostrar aos homens o caminho da vida e sempre revelar a verdade do evangelho aos seus corações. Em um mundo cada vez mais voltado para o engano e a mentira, sinais claros da aproximação do arrebatamento, a noiva do cordeiro deve se mostrar imaculada e inteiramente preparada para o dia do encontro com o noivo celestial. As escrituras declaram que devemos estar em prontidão aguardando a manifestação do Senhor Jesus Cristo nas nuvens do céu. Em Mateus, o Senhor nos adverte solenemente: “Por isso ficai também vós apercebidos; porque à hora em que não cuidais, o Filho do homem virá” ( Mt 24.44).

Como a vinda do Senhor ocorrerá num momento desconhecido para os cristãos, estes devem manter vida impoluta e um testemunho que condiga com sua vocação neste mundo. O apóstolo Paulo revela como devemos estar enquanto aguardamos o advento da segunda vinda: “O mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo, sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” ( 1 Ts 5.23).

Pedro também exorta a Igreja a andar segundo os princípios e valores do evangelho. Em meio às densas trevas deste século mal, somente um comportamento genuinamente afeito às exigências do reino pode fazer a diferença na vida de um verdadeiro discípulo de Cristo. Vejamos o que Pedro nos admoesta: “Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente ns graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo. Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” ( 1 Pe 1.13-16).

Em sua segunda Epístola, Pedro retoma novamente a exortação sobre a necessidade de o crente ser achado em santificação diante de seu Senhor quando este vier levá-lo para o céu. Ele declara: “deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento” ( 1 Pe 3.11b). E, ainda: “Por essa razão, pois, amados, esperando estas cousas, empenhai-vos por ser achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis” ( 2 Pe 3.14).

Esta característica marcante é o diferencial identificador de um legítimo cristão renascido. Nestes dias de abandono da fé e apostasia, os que adotam um estilo de vida cujo maior objetivo é agradar a Deus em um mundo ímpio, andarão na contramão dos paradigmas mundanos. Santificação segundo a palavra é o único meio que sem tem para se ter acesso à presença de Deus e entrar no seu repouso. O escritor de Hebreus exorta: "Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” ( Hb 11.14).

Segundo o Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento, ocorrem nas páginas Neotestamentárias duas palavras gregas referindo-se à santidade. São elas: hagios e hosios. A primeira aponta para a necessidade de ser separado para Deus, enquanto a segunda pontua a questão de caráter da pureza e da fidelidade. Ser santo, portanto, conduz não apenas a uma vida de serviço cristão, mas a uma mudança drástica de caráter e atitude digna dos céus e da imortalidade.

Nas trevas dos tempos finais os que esperam pelo seu Senhor, que presto vem, devem adotar os padrões de uma nova afeição e comportamento inteiramente moldados por Deus. Diante da futilidade da vida e das influências do pecado “que tenazmente nos assedia” ( Hb 12.1 ), o único caminho é uma existência vivida para e com o Senhor. Somente nele todos os nossos anseios e anelos mais profundos serão consumados. Com ele a porta dos céus se abre para uma eternidade ditosa e a existência se reveste de verdadeiro significado. Que venha logo o Senhor! Maranata!

Autor: Geovani Figueiredo dos Santos

SINAIS PROFÉTICOS


Os sinais fragrantes do tempo do fim estão se acentuando cada vez mais de maneira significativa. O nosso mundo parece estar sendo chacoalhado pelas manifestações de uma natureza em fúria e pela ação de fenômenos sem precedentes em toda a história. Os indícios do fim de nossa civilização pecaminosa estão se aproximando e nada pode ser feito para impedí-lo. O tempo do favor divino está com os seus dias contados. Como Nínive, a inexpugnável fortaleza do império Assírio (Na 2 e 3), que foi destruída sem misericórdia pelo juízo implacável do Altíssimo, este mundo também sofrerá as conseqüências de sua impenitência e iniqüidade. Não podemos ignorar o avanço do cumprimento profético e, nem tampouco, a palavra do Senhor. O que foi profetizado acerca deste mundo terá o seu fiel cumprimento de acordo com os desígnios do altíssimo.

No presente século, época caracterizada por um avanço descomunal da ciência e do conhecimento humano sem precedentes, podemos perceber as evidências cabais do fim desta civilização mergulhada no pecado e no desprezo à lei de Deus. Por mais que um povo seja evoluído ou poderoso, não pode escapar do juízo vindouro que se avizinha e da revelação do dia do Senhor. Lembremos das palavras do profeta Isaías: “Eis que as nações são consideradas por ele como a gota de um balde e como pó miúdo das balanças; eis que ele lança por aí as ilhas como a uma coisa pequeníssima. Todas as nações são como nada perante ele; ele considera-as menos do que nada e como uma coisa vã” ( Is 40.15,17).

Analisemos os fatos que estão se dando concomitantemente em todo o mundo e cheguemos, portanto, a uma conclusão. Pelo Espírito podemos concluir que estamos diante dos acontecimentos que conduzirão este mundo para os derradeiros dias de sua história. Como crentes em Jesus somos alertados pela Palavra a estar de sobreaviso e inteiramente preparados para o arrebatamento do povo de Deus. O apóstolo Pedro exortou-nos nos seguintes termos: “Por essa razão, pois, amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis” ( 2 Pe 3.14 ). Esta exortação deve fazer parte de nosso ideário de vida, tendo como fim último a consolidação de nossa fé e a nossa própria salvação.

É sumamente importante, todavia, acrescentar que o estudo das profecias e a crença de que Deus está encaixando ‘as últimas peças de seu quebra-cabeças mundial’ serve-nos como alavancas fundamentais para o nosso crescimento espiritual e, sobretudo, para o desenvolvimento de um fé centrada nas escrituras como único fundamento confiável e sólido para as nossas vidas. Reinhold Federolf em artigo publicado na revista Chamada da Meia Noite intitulado: Tempos Finais: Sinais que nunca houve, assevera: “ A profecia bíblica é como um quebra-cabeças: com muita diligência e perseverança juntamos as muitas peças até completarmos o quadro inteiro à nossa frente”.

A Bíblia nos exorta a atentarmos para a palavra profética como indicadora da ação de Deus no palco da história humana. Pedro declara: “Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la,como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração” (1 Pe 1.19). Atentar para a palavra profética é prestar atenção nos eventos que fazem parte deste mesmo cumprimento, ou seja, os fatos que atestam a veracidade das Escrituras e nos permitem compreender a realidade da profecia bíblica em nosso tempo. O profeta Daniel vaticinou que nos últimos dias haveria um interesse cada vez maior pelas profecias, o que de fato ocorre em nossa época. Vejamos: “Tu,porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro, até o tempo do fim; muitos o esquadrinharão e o saber se multiplicará”(Dn12.4). Indubitavelmente, nunca se viu um interesse tão intenso pela interpretação das profecias como em nosso tempo. As palavras do profeta Daniel embora profetizadas séculos atrás, são atualíssimas. Corroborando e atestando a confiabilidade dos escritos sagrados. Reinhold Federolf sobre isso declara: “Entenderemos cada vez melhor as profecias e como elas se conectam, bem como seu cumprimento concreto”

Partindo do princípio que o Altíssimo tem o controle dos acontecimentos mundiais e dos eventos da história humana, podemos de fato descansar nas promessas imutáveis da palavra e no pleno cumprimento de todos os desígnios divinos. O apóstolo Pedro afirma: “Sabendo,primeiramente, isto: que nenhuma profecia da escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” ( 1Pe 1.20,21). A seu tempo, o Senhor fará valer a sua autoridade sobre o mundo inteiro e todo propósito humano não prevalecerá. Em Apocalipse está escrito: “O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo: O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos” ( Ap 11.15).

Na visão dos reinos simbolizados na estátua do sonho do rei Nabucodonosor, a pedra que rola da montanha e toca os pés da estátua esmiuçando-a, representa o reino de Cristo, que subjugará os reinos do mundo e jamais passará. Este reino será diferente de todos os reinos que já existiram, porque ele será fundamentado na justiça e no amor do Deus Eterno. Leiamos Daniel: “Mas nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre” ( Dn 2.44). Que possamos louvar e engrandecer o nome do Senhor porque estaremos na nossa sorte quando ele voltar e consumar a sua promessa. “Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” ( 2Pe 3.13). Amém.



Autor: Geovani Figueiredo dos
Santos

domingo, 14 de setembro de 2008

ADMIRÁVEL MUNDO LOUCO



O conhecimento cresceu assustadoramente, sobretudo, no início do Século XX com o avanço de novas tecnologias que mergulharam a nossa sociedade em um “admirável mundo novo”de realizações. Na atualidade convivemos com inovações nunca sonhadas por nossos antepassados e com a parafernália de equipamentos cada vez mais sofisticados e confusos em sua operacionalidade. A cada instante ficamos boquiabertos com as novas descobertas da Ciência e, também, com as incertezas acerca do futuro que revoluteiam em nossa mente causando-nos certo grau de preocupação.

As perguntas são suscitadas e os questionamentos pertinentes que emergem desta problemática nos conduz a uma reflexão mais detida sobre o final que nos levará tais avanços científicos. Será que assistiremos o enredo daqueles filmes de ficção cientifica apocalípticos que retratam o extermínio da humanidade por um vírus mutante ou uma hecatombe nuclear que dará a luz a indivíduos geneticamente modificados e destituídos de racionalidade? Será que haverá sobreviventes a esta catástrofe caso ela venha a se tornar um realidade?

O que esperar do futuro? Como cristão vivo com a idéia fundamentada em meu coração de que nem uma hecatombe nuclear e nem tampouco a difusão de um vírus mutante ou bactéria incontrolável darão fim a esta civilização humana já caótica. Mas, sim, a manifestação do Dia do Senhor e a gloriosa aparição de nosso grande Deus e salvador Jesus Cristo para inaugurar uma nova era de paz e justiça eternais. Embora os últimos dias tenham levantado indagações sobre o fim dos tempos, o que estamos assistindo é apenas o teatro das manifestações do cumprimento profético e a constatação do que a bíblia de antemão já nos alertava. Por isso não nos inquietamos com o mais novo espetáculo de insanidade e da ignorância em tentar encontrar a “partícula de Deus”, ou seja, o bóson de Higgs, estrutura que estaria presente na formação do universo e responsável pelo surgimento da vida no universo a partir do Big Bang.

Será que o Big Bang de fato existiu? Por que é mais fácil atribuir ao acaso a existência do cosmos a admitir que foi obra de um Criador. Por que perder tanto tempo com experimentos bilionários com aceleradores de partículas e outras pesquisas que visam apenas tentar destruir o óbvio do Criacionismo, do que gastar todo este investimento para alimentar os famintos, vestir os descamisados, ajudar os menos favorecidos, diminuir as desigualdades sociais, descobrir novos medicamentos para a cura das moléstias; e, assim promover o bem-estar social e a paz entre as nações? Pensando em tudo isso eu só penso em uma palavra do salmista: “ Aquele que habita nos céus se rirá; o Senhor zombará deles” ( Sl 2.4).

sábado, 13 de setembro de 2008

O PODER IMAGÉTICO COMO INSTRUMENTO DE PERSUASÃO

É comum nestes dias de incertezas creditarem a culpa pelos infortúnios da nação a um grupo de indivíduos ou a um individuo em particular. Na busca por bodes expiatórios, são contratados especialistas nas mais diversas áreas para diagnosticar os motivos que permitiram que o desequilíbrio e a instabilidade se instalassem. No caso do Brasil, a culpa recai, sobretudo, naqueles que são os responsáveis diretos pelo nosso crescimento, ou seja, nossos governantes. O povo não quer saber das razões que precipitaram a crise ou das projeções estatísticas dos tecnocratas que se amontoam nestes momentos para dar palpites ou conselhos de última hora. Quer respostas rápidas e explicações precisas e sem rodeios sobre a situação. Se não as encontra, descarrega sua frustração no governo vigente, considerando o mesmo incompetente e incapaz de dar soluções viáveis ao problema.

No mundo da política, bem como nos bastidores do poder, joga-se com as palavras e com os números na tentativa de dar respaldo de confiabilidade a difícil arte de governar. Os números e as palavras seriam os recursos de manipulação da opinião coletiva visando o estabelecimento de uma concordância e, também, de uma aceitabilidade às medidas adotadas e às políticas implantadas. Nestes casos a impopularidade pode ser muito nociva à imagem de um governo estabelecido pelo povo. Portanto, os índices estatísticos e as palavras usadas em momentos decisivos, criariam uma cortina de fumaça que impediria a visualização dos fatos em sua realidade plena. Uma espécie de engodo para desviar do foco as atenções até que se tenha uma solução em vista.

No jogo do poder as imagens podem falar muito mais alto do que atitudes. Dentro destes limites pré-estabelecidos deliberadamente pelos mandatários à testa do governo, o poder e a influência das palavras aliadas às imagens produzem muito mais resultados satisfatórios do que discursos destituídos de valor imagético. Os publicitários conhecem muito bem o poder sedutor de tais procedimentos, e não abrem mão de usá-los como querem e na hora que quiserem, se isso de algum modo for útil para melhorar a imagem negativa de um governante ou lhe dar vantagens eleitorais.

O poder de opinião fomentado pelas imagens e a ilusão criada em torno delas pode mudar drasticamente o rumo de uma campanha, conduzindo assim pela manipulação os interesses do povo para eleger determinado candidato ou acatar determinado programa político sem quaisquer questionamentos adicionais.

Uma destas estratégias é enfocar as qualidades e as virtudes do potencial candidato dando a ele a notoriedade e a função de salvador da pátria. Uma espécie de Messias que tem uma fórmula mágica ou uma carta na manga para sacar na hora em que for preciso; e, num dado momento todos os problemas serão solucionados. Podemos constatar esta realidade do poder ilusório dos ícones criados, durante a campanha de Fernando Collor de Mello à presidência da república. Usou-se na época o poder das imagens para explorar a paixão popular e estabelecer entre o povo e o então candidato certa empatia que culminou na eleição de Collor à Presidência. A vinculação da imagem criada ao próprio personagem criado para tal finalidade eleitoral foram eficazes para alcançar os resultados pretendidos e incensar o mesmo à posição de mandatário da nação.

Com Lula não foi diferente. A exposição da imagem do sindicalista perseguido pelo governo militar no período ditatorial, ligado aos operários do ABC paulista e às lutas contra as imposições patronais renderam-lhe o reconhecimento nacional. A figura do homem pobre que luta com “unhas e dentes” para vencer na vida, e, posteriormente, alcança um lugar de destaque no cenário político da nação como líder do PT é o carro chefe para encorpar a figura do herói que supera todos os obstáculos para alcançar o seu objetivo maior. Um prato cheio na mão dos hábeis mestres da criação publicitária e da produção de resultados. Lula é um ícone criado para esta finalidade. Um pacote vendido com sucesso pelos magos da imagem e formadores de mitos.