domingo, 14 de dezembro de 2008

OS UMBRAIS DA ETERNIDADE



A estrada dos peregrinos neste mundo por vezes se mostrará sinuosa e inóspita. Perigos incontáveis se mostrarão a cada curva. Uma surpresa inesperada de cada vez e, em meio a duras provas e perseguições impingidas por algozes invisíveis ou não, o viajor terá, enfim, a visão da glória sempiterna. O pensamento pode ser traído por imagens disformes de miragens enganadoras; mas, de súbito, num rompante inesperado os portais de Sião não serão mais desconhecidos. Estarão ao alcance dos olhos como um tesouro recém-descoberto por aventureiros.


Há na trilha perseguida por todos nós, lampejos de esperança que transcendem os desejos da alma e pervadem de gozo o coração ofegante pela eternidade. Palavras e atos se perdem no vácuo de apelos terreais e se despem de sentido quando verdadeiras sensações etéreas nos envolverem como que num abarcar de emoções nunca vivenciadas.


Nós, reles mortais, não conhecemos o infinito, o eterno, o imorredouro. Transpor os umbrais do mundo através da morte será contemplar o novo, o mistério dos mistérios inconcebíveis aos homens.Esta perspectiva, no entanto, pode ser vista como loucura por alguns, devaneio por outros, ou utopia religiosa para aqueles que procuram com todas as forças de sua incredulidade esmaecer com suas dúvidas os anelos mais salutares sobre o céu. Todavia, o vociferar dos incréus não pode roubar o esplendor da cena deslumbrante que será comtemplada em um só momento inédito, quando ao se fechar os olhos neste mundo, o peregrino se deparar com a visão esplendida de uma terra áurea de encantos imortais.


Oh! Meu espírito já pode ouvir aquela música maviosa. O dedilhar de harpas angelicais. O ecoar de vozes de júbilo que em coro uníssono elevam louvores de gratidão ao Cordeiro. Eu posso ver ainda que distante, os rumores de uma nova aurora e o resplendor de uma manhã sem nuvens. Eu os vejo trajados de branco em alvor divinais já distantes das dores e cuidados de aquém. Não tenho palavras. Estou em êxtase. Meus sentidos vibram com a visão majestosa!


Aquela manhã trará consigo suas bênçãos. Ver-nos-emos incólumes e destituídos de valores deste mundo. Nossas vidas inteiramente tocadas pelos raios de um novo sol não mais sentirão o peso dos lavores de outrora e, nem tampouco o fragor das tribulações deste século mal. Não mais me viverei em dor, ou desamparado, ou humilhado em meu espírito pelo fardo do tempo. Estaremos livres das paixões da natureza adâmica e dos malditos sinais da queda, que precipitaram a humanidade no caos.Ali serei poupado de preocupações e angústias traiçoeiras. Então saberei que era conhecido por aquele que sempre me conheceu. Em apenas olhar saberei que sou amado, querido, bem—vindo ao lar.


Ah! Se só por um momento nos detivéssemos a imaginar aquela terra. Ah! Se déssemos ouvidos aos apelos do mestre. Então nosso ser seria absorvido pela glória e da certeza implacável de um novo mundo no qual habitam a justiça e a retidão – as regiões da santidade.Pensem nas multidões dos santos unidos pelos séculos dos séculos. Miríades de miríades. Incontáveis faces radiantes refletindo o vigor da incorruptibilidade e o viço do verdor de uma nova afeição. Uma personalidade divinal, moldada à semelhança do caráter imaculado de nosso Senhor Jesus Cristo. Provenientes de todos os rincões da terra. São os salvos pelo cordeiro das inumeráveis regiões do globo. Agora feitos herdeiros do altíssimo e participantes de sua semelhança.


Já posso ver os cristais e os sorrisos daqueles que de novo se reencontraram depois da longa espera no sono da morte. Por fim despertados pelos clangor imponente das trombetas do Senhor, são em um dado momento reunidos à família dos justos para viverem para sempre a bem-aventurança. Outrora choraram; agora sorriem. Outrora dispersos pelo mundo; agora reunidos como filhos amados. Outrora desconhecidos; mas agora conhecidos. Outrora em vergonha e ignomínia; agora em glória e dulçor. Seus rostos não são mais da terra. Seus corações não mais gemem. Estão mergulhados em amor diante daquele que os amou ainda antes de tudo existir.


Que magnífica visão dos santos! Todos redimidos reunidos para sempre na terra imortal. Distantes dos infortúnios e desvarios do orbe, agora descansarão imersos na santidade das plagas luzentes da mui feliz Jerusalém. Antes eram peregrinos e desterrados em um mundo que os odiava. Entretanto, ao transpor os umbrais eternos se vêem abraçados e acolhidos pelo amor incomensurável do Eterno. Estão de volta ao lar. São agora cidadãos da cidade de Deus.As solenidades serão indescritíveis. Nossas palavras se perdem no transcendental deslumbre dos campos infinitos onde a alegria e a paz serão irmãs num conclave de perfeitas harmonias celestiais. Os dignitários pela graça benfazeja do calvário serão condecorados por sua lealdade ao Cordeiro. O Senhor se comprazerá deles com ternura.

O EXEMPLO DE AMOR


Cristo palmilhou pelas estradas empoeiradas da terra de Israel levando adiante a divina tarefa de conduzir o homem perdido novamente à presença do Pai. Sobre sua existência de altruísmo e amor ao próximo encontraremos farto material nas Sagradas Escrituras, o registro fiel de sua vida e obra.

O Relato maravilhoso do seu nascimento e as circunstâncias extraordinárias que envolveram o mesmo são provas cabais e incontestáveis de sua missão e origem divinas. Devemos atentar para este fato e, nesta data emblemática para todos nós cristãos, reiterar nossos votos de fidelidade e lealdade aquele que um dia se fez homem e habitou entre nós. João sobre ele escreveu extasiado: “E o verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” ( Jo 1.14). Dele também Isaías vaticinou com igual encantamento: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” ( Is 9.6).

Não podemos nestes dias de incredulidade e abandono da verdade bíblica nos deixar influenciar por aqueles que envolvidos pela operação do erro, contradizem o relato inspirado e levantam dúvidas sobre a natureza divina de nosso Senhor e a eficácia de sua obra expiatória. A ação do Espírito através da palavra é poderosa o suficiente para expulsar todos os laivos de incredulidade que revoluteiam nossas mentes, bem como aniquilar todos os sofismas e filosofias estranhas que se levantam insufladas pelo inimigo para causar desconforto ao coração dos fiéis.

A realidade de nossa fé repousa na crença de que a verdade bíblica é fidedigna e o testemunho apostólico ilibado para dar cimentação à nossa esperança. Cremos que Jesus nasceu em Belém da Judéia, cresceu e se tornou homem segundo a narrativa escriturística porque atestamos pela ação do Santo Espírito a veracidade dos seus registros. Confiamos na autoridade ocular dos que conviveram com o Senhor e puderam deixar para as gerações vindouras todos os momentos que viveram e participaram da humanidade de nosso mestre enquanto homem entre nós.

João em sua Primeira Epístola Universal assevera: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida. Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o pai, e nos foi manifestada; O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu filho Jesus Cristo. Estas coisas vos escrevemos para que o vosso gozo se cumpra" (1 Jo 1-4).

Que abramos os nossos corações para que o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo esteja para sempre em nossos corações, e o seu exemplo de humanidade a serviço do Pai seja nossa inspiração e motivação para cumprirmos o nosso ministério até que ele volte e o nosso gozo seja ainda mais completo. Feliz natal!