domingo, 27 de abril de 2008

VIVENDO EM ESPERANÇA

Este dia pode ser diferente de todos os outros. Mas, o que faz um dia diferente de outro nos caminhos da existência? Como podemos dizer se este ou aquele dia será melhor do que aquele que passou, ou quem nos garantirá que os dias futuros serão melhores do que estes em que vivemos?

O sábio Salomão declara em Eclesiastes: "Nunca diga que os dias passados foram melhores do que os dias atuais, porque tal pensamento não provém da razão”, ou seja, dizer que os dias idos foram melhores é tratado como algo sem propósito. Alguém já disse que quem vive de passado é museu. Perder tempo com retrospectos vãos e infrutíferos sobre a vida podem ampliar o abismo da depressão e precipitar o indivíduo num caminho doentio e psicótico que degeneram em doenças e mais desespero.

O passado deveria ser para todos nós um trampolim para novas realizações e não um túmulo de sonhos e ideais não alcançados. De fato, todos nós somos chamados a cada dia para vivermos em esperança. Esperança que Agostinho apresenta como uma das três virtudes teologais. O apóstolo Paulo diz: "Agora, restam a fé, a esperança e o amor. Estes três, mais o maior destes é o amor". Viver em esperança permite que os homens deixem de lado a feiúra do mundo e tenham vislumbres do céu. O que nutre tal sentimento em seu coração nunca viverá de visões pessimistas. O seu alvo está além deste vale de lágrimas - está em Deus.

Se eu olho para o passado e tenho motivos para chorar, murmurar ou mesmo acusar o Senhor pelos meus acidentes de percalço ou infortúnios, é porque o meu coração não foi trabalhado pela esperança que o evangelho me proporciona. Muito mais do que me lamentar, deveria tratar essa época da minha vida como apenas um dos estágios que Deus me permitiu experimentar para crescer e entender a própria vida.

A perspectiva do céu e da vida eterna devem trabalhar o nosso coração para que sejamos moldados pelo caráter de Deus. Todo caráter que não sofre a transformação devida,que é uma resultante da graça na vida do converso, não está apto para herdar os céus. A nova vida que Cristo oferece é tão dinâmica e inédita que não permite a permanência de carcaças do passado ou laivos da velha vida em nossa conduta diária. Jesus nos garante categoricamente que se perseverarmos até o fim seremos salvos. No entanto, se a nossa vida não exibe os frutos necessários de arrependimento e fé não estamos correndo como deveríamos. "Perseverar" aqui implica numa luta tenaz para alcançar um objetivo explicito, e isto envolve renúncia e desejo de partilharmos da semelhança do Senhor. Se eu digo que estou perseverando, mas a minha vida continua transigindo com o pecado e com os valores mundanos, um paradoxo está instalado em nosso ser.

Novamente a palavra do Senhor entra em cena relembrando-nos que não podemos servir a dois senhores. Ou dedicamo-nos a um somente ou esta ambigüidade certamente nos conduzirá a destruição. O que está em jogo aqui é mais do que mera conveniência ou capricho, mas nosso próprio destino eterno. Não podemos acolher pensamentos santos e impuros em nosso interior. Não devemos andar com Deus envoltos em dubiedades. Cedo ou mais tarde, chegará a hora em que a estrada nos mostrará que somente um caminho é o certo. Mas, será que haverá tempo para retroceder ao caminho verdadeiro? Uma lembrança judiciosa deve nos acompanhar e nos fazer andar em "temor" e "tremor", isto é, a memória das palavra bíblicas que asseveram que o "machado está à raiz das árvores. Toda arvore que não produzir bons frutos, será cortada e lançada no fogo". Devo aplicá-las ao coração e intelecto para não incorrer no grave erro de negligenciá-las e sofrê-las em toda a sua literalidade.

Como cristãos reconhecemos peso que tem palavra em nossas vidas. Se a ignoramos e não a vivemos à altura, estamos passivos de frustrações e derrotas. Se eu perco o meu alvo e deixo a minha vocação de lado para correr atrás do vento ou abraçar tolices, como homem sou responsável diante de Deus pelos nossos atos. Cedo ou tarde pagaremos pelas nossas incautelas.

Se o meu tesouro é o céu. Nenhum outro alvo é tão importante para mim do que alcançá-lo. “Se a minha meta consiste em viver para Deus, devo então lutar com todas as minhas forças no Senhor para conquistar o ‘Sumum Bonum”, vivendo sempre em esperança e confiando que Deus é poderoso para consumar em nós as suas promessas infinitas. Baseados nesta crença podemos declarar, respondendo aquele pensamento anterior, que o futuro nos reserva coisas maravilhosas e insondáveis para serem compreendidas agora. Pela imensa graça do senhor, nós estaremos na nossa sorte quando os dias da eternidade chegarem.