quarta-feira, 5 de setembro de 2007

LOBO OU OVELHA ? EIS A QUESTÃO


Disfarçados de inocentes cordeirinhos, escondidos sob o manto do anonimato e do silêncio, enrustidos em personalidades afáveis e cativantes, mascarados por um véu de aparente “santidade” e “piedade”, escondem-se indivíduos perigosos e cruéis, que à semelhança de lobos ferozes, não terão quaisquer escrúpulos de demonstrar o seu lado mais vil quando o momento for propício para tal.


O Apóstolo Paulo, referindo-se a um tempo posterior a sua partida para a eternidade, adiantou que lobos ferozes surgiriam e não poupariam o rebanho de Deus. Sobre isso Paulo advertiu: “Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a Igreja de Deus, que Ele resgatou com seu próprio sangue. Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho” (At 20.28,29).


As suas palavras de advertência eram solenes avisos, que tinham o intuito de abrir os olhos dos fiéis sobre o surgimento de falsos mestres e ensinos destruidores, que emergiriam do seio da própria Igreja e causariam danos terríveis as ovelhas do Senhor. “E que dentre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos a si” (At 20.30).


Os apelos do apóstolo dos gentios são tão reais e atuais, que ainda podemos ouvi-los em nosso espírito, clamando aos fiéis do século 21 que estejam despertos e com os olhos bem abertos; e, acima de tudo, examinando as escrituras para não serem em nenhum momento enredados ou feitos presas fáceis de lobos vorazes travestidos de ovelhas. “Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo” (Cl 2.8).


Jesus falando aos seus discípulos deixou bem claro que pelos frutos tais indivíduos seriam conhecidos e detectados. Os ensinos do mestre demonstram com clareza que tais homens teriam um caráter duvidoso e que suas próprias ações dariam testemunho contra eles mesmos. “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis” (Mt 7. 15,16 a).


As evidências do avanço do engano e de toda sorte de desvios doutrinários dão um claro aviso a todos nós da existência de um complô das trevas nestes tempos finais visando destruir os alicerces da verdade e, também, desferir terríveis golpes contra a palavra de Deus.


Não devemos nos esquecer que o espírito do erro como precursor do Anti-Cristo está no mundo. O apóstolo Paulo afirma que este espírito atua agora sobre os filhos da desobediência. Vejamos: “Porque já o mistério da injustiça opera” (Ts 2.7). E ainda: “E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira” (Ts 2.11).


Estando sob a influência do erro, esses indivíduos se tornam potenciais instrumentos usados pelo inimigo de nossas almas para disseminar toda sorte de malefícios e enganos sedutores com o único alvo de confundir ou causar danos à verdade. Judas sobre esses apóstatas assevera: “Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para esse mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus” (Jd4).


Estejamos, portanto, precavidos e prontos para defender o estandarte da fé através da espada do Espírito. A seu tempo os lobos serão desmascarados e as ovelhas poderão descansar seguras no aprisco do bom Pastor.

UMA ÉPOCA DE CONTRADIÇÕES


O nosso mundo é complexo e cheio de surpresas fantásticas que fascinam os observadores de plantão. Nós, seres humanos, há muito nos esquecemos da arte da contemplação do infinito, das estrelas, dos seres inúmeros que habitam o nosso universo macroscópico e microscópico para nos prender a detalhes insignificantes da vida que não trazem quaisquer sentidos à existência temporal.


Podemos pensar em como viviam os homens das sociedades do passado e de como usavam o tempo que eles dispunham. Lembremo-nos de que eles não tinham todo esse aparato tecnológico que temos hoje. Não acessavam a computadores, não tinham aparelhos celulares e não andavam em automóveis modernos como o homem do Século XXI; contudo, a qualidade de vida que desfrutavam era bem melhor que a nossa.


Nossos ancestrais embora não gozassem de todas as novidades que hoje dispomos, não corriam os riscos de serem atropelados por carros velozes nas rodovias, porque não existiam rodovias naquela época. Não viviam estressados como os nossos contemporâneos, escravos da modernidade, que não têm tempo sequer para dar um sorriso ou brincar com seus filhos, pois a sua vida frenética não lhes confere tais concessões.


Isso nos faz pensar o seguinte: embora a tecnologia e o progresso sejam úteis aos seres humanos em alguns aspectos, por outro lado, criam barreiras intransponíveis para a convivência entre os indivíduos, que no agitado microcosmo das selvas de pedra de nosso tempo, não têm a oportunidade de criar vínculos sólidos de afetividade e companheirismo com seus semelhantes porque simplesmente são premidos e suprimidos pelo senso de não existir tempo para tais conexões pessoais, o que é um retrocesso contraproducente e traiçoeiro.


Nós podemos perceber que tais comportamentos hodiernos desenvolvidos pelos indivíduos são responsáveis por uma vivência cada vez mais destituída de valores que perdurem, uma vez que a ausência de um momento para si, para a família, para o próximo inexiste. Esta não existência de tais ligações importantes entre os indivíduos favorece o individualismo frio de nossas metrópoles, a competição desenfreada perceptível em nossos dias, que não leva em conta o tipo de escrúpulo para se alcançar um determinado fim, uma vez que os outros são estranhos e, portanto, rivais a serem batidos nas arenas da vida.


O progresso deu status a uns e inviabilizou a ascensão de outros a patamares de dignidade humana. Enquanto uns privilegiados têm garantido suas regalias e faustos existenciais, outros, e, em sua grande maioria miseráveis, vivem das sobras da luxúria e do desperdício perpetrado por aqueles que insensíveis às desventuras alheias continuam vivendo em fátuo caminho de insensatez.


Podemos nos perguntar aonde este caminho irá nos levar e quais as funestas conseqüências que se abaterão sobre todos aqueles que ignoram a mudança dos tempos. No entanto, este quadro de indiferentismo reinante revela os sintomas óbvios que indicam que a nossa civilização está caminhando para um período de bestialidade e banalização dos indivíduos nunca dantes visto.


Nossa era marcada pela tecnologia e pelos avanços científicos será também o período da ausência da alteridade, da falta de amor ao próximo, do assassinato da razão e da exacerbação imoral de toda sorte de desvarios em nome do que chamamos progresso. “Eis aqui, o que tão somente achei: que Deus fez ao homem reto, porém eles buscaram muitas astúcias” (Ec 7.29).

ODE À VIDA


Sou qual vento impetuoso
explorando imensidões celestes
na rota dos destinos mais luzentes
me desabo em poesia


Na doce ilha de encantos
faço repousar meus versos
universo de poder magistral
onda de espasmos de emoção


Luzídio de esperanças benfazejas
convite a delírios não fugazes
neste mundo de artistas e impostores
sou apenas poeta


Me desfaço nas linhas
do suave encanto magnífico
para dedilhar com dulçor
minha ode à vida

CAPÍTULO I : O BOMBARDEIO E OS REFUGIADOS


Dois homens jaziam inertes no chão depois que uma explosão os atingiu. Ao longe se podiam ouvir os gritos da turba insana, correndo como gado de um lado para outro. A cidade estava em ruínas. Os poucos sobreviventes que restaram ou estavam muito feridos ou sequer se podiam levantar. Os hopitais públicos, os poucos que permaneciam de pé, estavam lotados e o seu estado era precário.
Naquela manhã cizenta uma névoa seca cobria o céu do oriente. Durante toda a noite anterior podia-se ouvir os sons distantes das cirenes das ambulâncias e o barulho dos alarmes anti-aéreos que denunciavam um outro impiedoso bombardeio das tropas aliadas. O pânico e o horror eram terríveis. A única escapatória era se esconder nos abrigos subterrâneos ou tentar a sorte comos os demais tentando escapar da zona urbana, alvos potenciais das incursões da aviação inimiga.
Naquele cenário de barbárie não se podia fazer concessões ou se dar o luxo de permanecer em casa. Todas as possibilidades só apontavam para uma direção - o deserto. A coisa mais certa a se fazer naquele momento era fugir. O rumor que se levantava dava uma idéia clara que o conflito estava longe de terminar e os indícios de uma nova ofensiva eram mais evidentes.
No campo de refugiados ao sul de kiriashi, levas e mais levas de pessoas escapando do caos da guerra se acotovelavam diante dos comboios de ajuda humanitária para receber ao menos alguma parca ração de pão e cereal. Era uma cena dramática. Milhares de pessoas sem destino lutando pela sobrevivência de uma forma cruel e desumana. Como animais amontoados no chão e acuados pela miséria e infâmia provocados pelo ódio e tirania belicosa de um conflito que não tinha tempo certo para encerrar-se.
No hospital da Cruz Vermelha instalado provisoriamente nas imediações do acampamento, os cirurgiões faziam o possível com os poucos recursos de que dispunham para salvar vidas ou mesmo mitigar a dor daqueles que estavam agonizantes.
A equipe formada pelo Dr Scot, médico formado na Inglaterra e de grande experiência em grandes catastrófes, o Dr Lewis, veterano da 1ª Grande Guerra Mundial, também Inglês, e o Dr Swanson, Especialista Americano em traumato-ortopedia, com várias condecorações por serviços prestados por seus trabalhos em favor da humanidade, esforçavam-se como podiam. No entanto, eram inevitáveis as numerosas mortes, sobretudo, ocasionadas por infecções decorrentes da insalubridade das instalações.
Os Médicos sabiam que não podiam fazer muita coisa. Mas, mesmo assim procuravam salvar os poucos que estavam menos debilitados. Era uma escolha difícil. Alí era decidido quem iria ficar vivo e quem iria morrer. O Dr Lewis sempre dizia:
- O que se pode fazer em alguns casos é esperar apenas por um milagre.
- Nós fizemos o que podiamos e o que não podiamos para salvar a muitos.
-Mas, é impossivel nestas condições lugubres.
- A guerra é a pior das barbáries. Repetia com frequência o velho e experiênte ancião, alquebrado pelo peso dos anos.
Swanson seu amigo de longa data. Às vezes lamentava o fato de os homens empregarem tanto tempo e dinheiro para se matarem uns aos outros. Nunca imaginou-se numa guerra. Quando jovem optou em ser médico para atender ao capricho de seus pais. Todavia, à medida que aprofundou-se nos estudos de Medicina, percebeu que aquilo seria o seu sacerdócio por toda a vida. Agora, ali estava ele entre moribundos e vultos desvalidos. Enfrentando a crueza dos campos de batalha.
Como Lewis, Swanson era um idealista. Sabia que sem o seu cuidado os estado daquelas almas seria pior. Só lamentava o fato de não ter remédios e recursos suficientes para salvá-los. O dinheiro não era seu objetivo. Estava ali porque sentia uma forte inclinação por causas humanitárias. Era o seu dever como homem da Ciência usar o seu conhecimento para dar um pouco de alento à párias e pobres miseráveis esquecidos pelo mundo.