domingo, 24 de agosto de 2008

Os Fantasmas da Nação

O Brasil enfrenta espavorido os mesmos fantasmas do passado. Parece brincadeira, mas o que se vê é o replay das mesmas coisas de sempre no cenário de nossa pátria amada. Acostumamo-nos aos fatos sórdidos do nosso cotidiano como se fossem normais. Parecemos estar entorpecidos pelo ópio da mesmice que impregna as nossas atitudes cotidianas. Enquanto nossas liberdades são tolhidas e o nosso direito de cidadão achincalhado por uma minoria que se acha dona da verdade, os facínoras de plantão continuam perpetrando toda sorte de desvarios em nome do crime e da desestabilização social.

No Brasil de nosso tempo parece notório que o bandido virou mocinho e que o mocinho já saiu de cena há muito tempo. Sem lugar ou espaço no imaginário coletivo dos neuróticos e paranóicos brasileiros espalhados por este vasto país, parece ter se mudado para um rincão desconhecido ou um grotão riscado do mapa. Os heróis, com poucas exceções, são raros nestes dias de Deus-nos-acuda. A glamourização do bandido é um fator não tão novo assim, é um fato que já nos acompanha já de longa data, e que de certa forma está incrustado na mente de muitos cidadãos esquecidos pelo poder público.

Enquanto o Estado não assegura ao povo as devidas condições mínimas de existência, por outro lado, percebe-se o aparecimento de um pseudo-estado com leis e normas estabelecidas, que cerceiam as liberdades, impõem o seu poder e que dita o que deve ou não ser aceito ou praticado por uma comunidade. Este estado paralelo age em grande parte com a conivência de nossas autoridades já enfraquecidas com discursos balofos e políticas equivocadas que só ficam no papel e nunca são postas em prática.

O que dizer deste retrato absurdo apresentado todos os dias pela imprensa sobre o controle exercido pelas milícias e traficantes que controlam as favelas do Rio de Janeiro? O que falar desta rotina medonha de dominação impetrada por estas quadrilhas ou grupos armados que espalham terror e impõem respeito através de extorsão, coerção e ameaças? O direito de ir e vir assegurado pela constituição inexiste nestas condições e o governo insiste no mesmo discurso frívolo de sempre, sem mostrar ou esboçar qualquer reação a este lamentável quadro de subversão das leis por uma minoria.

Assistimos impacientes o desenrolar dos fatos e atônitos nos perguntamos quase que ininterruptamente: Até quando o crime vai prevalecer? Quando os moradores destas localidades poderão circular livremente pelas ruas e favelas de sua comunidade sem serem alvejados por balas perdidas provenientes do enfretamento de polícia e tráfico? Estas perguntas precisam ser respondidas. Quem se atreveria a respondê-las?

Nossos candidatos novamente adotarão os mesmos discursos melodramáticos de sempre e usarão slogans dos mais diversos. Pura pirotecnia demagógica. No fim das contas todos esbarrarão no velho marasmo e inércia já de antemão conhecidos por todos nós. Usam estes discursos falaciosos para embevecer e ludibriar alguns muitos incautos e, depois de convencê-los a votar neles, somem do mapa sem dar quaisquer satisfação aos seus eleitores.

Enquanto isso na favela, nos grotões esquecidos e nas periferias carentes o povo continua gemendo sob a pressão dos problemas velhos de sempre e também sob o látego das dificuldades de sobrevivência, fazendo malabarismos para driblar a miséria e conseguir ainda que escassamente, o pão de cada dia à duras penas. Pobre na verdade no Brasil têm apenas dois direitos reconhecidos por todos: o direito de nascer e o direito de morrer. Mesmo assim muitos pobres coitados terminam suas vidas mesmo é na indigência. Desconhecidos de nossas autoridades e muitas vezes tendo que contar com a solidariedade de alguém ou de algum político doador de benesses para ter nem quer que seja um enterro digno.

Os políticos tinha que ter vergonha na cara. Coisa que eles não têm. Os descarados se elegem, e, depois somem do reduto que lhes elegeu. Abandonam às traças sem qualquer pudor os que foram responsáveis pelo seu êxito. Eu acho, desculpem-me a expressão, ou brasileiro é muito burro ou sofre de amnésia. É admissível aceitar que novamente as mesmas figurinhas que deixaram a desejar em suas políticas para o povo voltem a ocupar cadeiras políticas novamente. É no mínimo um contra-senso reconduzir esta corja de larápios ao legislativo sem qualquer análise prévia de sua conduta anterior. Mas, como neste Brasil tudo é possível. Qualquer hora desta voltaremos a ter novamente indivíduos como Fernando Collor de Mello na presidência, mesmo depois de tudo o que aconteceu no passado. Como também Roberto Jefferson, entre outros, novamente conduzindo o processo político nacional.

Como já foi dito anteriormente os bandidos agora desfilam de bons moços como se nada tivesse acontecido. Sem qualquer parcimônia voltarão a nos bombardear com seus discursos tacanhos num verdadeiro aparato demagógico. E nós seremos obrigados a engoli-los mais uma vez assumindo as nossas legislaturas. O célebre bordão de Boris Casoy soa oportuno nesta conjuntura em que atravessamos: “ Isso é uma vergonha!

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