sexta-feira, 7 de setembro de 2007

CAPÍTULO I : O BOMBARDEIO E OS REFUGIADOS (CONTINUAÇÃO 2)

CAPITULO I : O BOMBARDEIO E OS REFUGIADOS ( CONTINUAÇÃO)
O Dr Scot, como sempre muito reticente, deixava comentários para depois. Os seus amigos o respeitavam não apenas pela sua vetusta cabeleira grisalha, mas também por seu profundo conhecimento e experiência médica.

Muito compenetrado no que fazia, Scot evitava se envolver em demasia com drama dos feridos e moribundos que infestavam os leitos. Não que ele fosse desumano, mas porque como médico em uma situação crítica como aquela, se se envolvesse emocionalmente com os pacientes seria ainda mais doloroso.

Embora recebesse duras critícas e fosse taxado de insensível e calculista, ele proseguia seu trabalho sem se importar com opiniões alheias e, como ele mesmo dizia, que nada podiam acrescentar.

O mais óbvio em Scot é que ele sabia o que estava fazendo. Graças a ele, muitas vidas foram salvas da morte, fato que era tratado com grande consideração pelos demais médicos e enfermeiros que faziam parte da equipe.

Todos os dias daquele acampamento hospitalar eram muito movimentados. Os desdobramentos médicos no afã de buscar todos meios possíveis em condições extremas eram verdadeiros atos de heroísmo e jamais seriam esquecidos por todas as vidas salvas pela competência e denodo de todos os profissionais envolvidos naquele teatro de guerra.

Naquele lugar ermo e distante da civilização muitas vezes se tinha uma sensação de isolamento e desamparo. A depressão muitas procurava encontrar lugar em alguns corações. As lembranças da civilização e algumas reminicências benfazejas que em algum momento ou outro surgiam na mente era uma verdadeira tortura para aqueles homens e mulheres absortos em seus trabalho.

Na tentativa de se exorcizar tais lampejos de memória, procurava-se sempre que possível tirar alguns momentos de desabafo em conversas francas e rápidas ou mesmo cantarolar para de alguma maneira procurar se manter lúcidos e afeitos ao seus verdadeiros objetivos alí.

Swanson sempre diziam aos amigos que um homem despreparado para tais situações ou se mataria ou ficaria louco. Enfrentar a crueza e a miséria humana em seu grau extremado não é coisa para reles mortais.
- É preciso ter estômago meu caro Lewis, dizia Swanson.
_ Nunca que pensei que estaria em tais condições.
_ Quando estamos na Universidade não nos passa pela cabeça que tipo de situações iremos enfrentar na vida.
_ Jamais pensei que um dia estaria envolvido em um conflito sangrento como este.
_ Muitos dos meus amigos, hoje, estão atendendo em bons consultórios e ganhando muito dinheiro, e, nós aqui sujeitos a todo tipo de visões do inferno.
_É horrivel.Lewis como de costume assentia com a cabeça como que concordando com Swanson. E às vezes arriscava um ou outro comentário:
- É bem verdade que os seus amigos estão ganhando muito dinheiro Swanson. Mas a vida não é só dinheiro.
- Apesar dos pesares temos um pouco de emoção.
-Um dia estaremos na varada de nossa casa, deitados em uma preguicosa rede acercados de netos e poderemos cheios de orgulho relatar para eles que valeu apena ter vivido tal aventura.
_ E com toda certeza ele nos olharão como heróis anônimos, os quais valem apena ser imitados.É claro que sim Lewis. Eu também penso assim, disse Swanson:
_ De que vale a vida sem emoções.
_ Muitos homens passam pela vida mas poucos de fato vivem, acrescentou.

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