sexta-feira, 7 de setembro de 2007

O BRASIL OU OS BRASIS?


O Brasil é um país de dimensões continentais que tem variações magníficas da Língua Portuguesa. A diversidade de sotaques e de vezos dialetais existentes em nosso território é um desafio não apenas para os estrangeiros procurando aprender a língua, como também aos seus próprios falantes nativos.


As mudanças ortográficas previstas para vigorar em 2008 em todos os países lusófonos,podem se circunscrever apenas ao terreno da teoria,porque na prática diária do idioma tudo ficará na mesma.As mudanças normativas no vernáculo de Camões em nada alterarão as várias nuances do português mestiço do Brasil em toda a sua gama fantástica de variantes e significações castiças de lugar para lugar.


Continuaremos ouvindo os “uais” dos mineiros com os seus sonidos característicos, os gingados vocabulares dos cariocas com toda a sua manha e malandragem típicas, os “ ô chente” dos nosdestinos e os “tches” e “tri-legais” pitorescos dos gaúchos em toda a sua originalidade.


Estas mudanças propostas pelos linguistas em nada alteram a realidade vivencial regionalizada de uma língua em seu cotidiano. Sendo a língua viva, ela ao longo do tempo vai sofrendo as metamorses próprias do idioma que se dá a partir do dinamismo cultural em que ela está inserida e pela influência de outras culturas que vão se misturando a nossa.


No mundo globalizado onde constantes mudanças estão se dando em ritmo acelerado, e os vínculos de comunidade se tornam mais intesificados e abragentes devido a derrubada de barreiras sociais, políticas, econômicas e ideológicas; se torna cada vez mais difícil que o nosso Português não sofra as conseqüências desta transformação sócio-histórica de nosso tempo.


Os gramáticos normativos de nossa língua e os filólogos de plantão esquecem-se da mobilidade linguistica e da diferença vocabular existente entre os vários países de fala lusitana. Assim como o Inglês falado nos Estados Unidos difere em muito do falado no Reino Unido e na Austrália, não podemos nos esquecer que o português falado em Portugal está à leguas de distância do português falado no Brasil. Enquanto nós brasileiros pendemos para o vocalismo os nossos antigos colonizadores se inclinam para o consonatismo.


Por exemplo: Os portugueses dizem c'roa; nós coroa. Eles dizem esp'rança; nos esperança. Em alguns aspectos da fala lusitana ficariamos perdidos para compreender o significado de seus vocábulos e a estranheza de suas expresões comparadas as nossas. Por esta razão eu considero um imbecilidade a tentativa de uniformização de um idioma tão vasto de ramificações e recursos fonéticos como é o nosso.


Em suma, deveríamos ao invés de tentar torná-lo uniforme, aprender a conviver com o mesmo em sua multiformidade e diversidade ímpar, o que seria mais coerente e culturalmente correto, salvaguardando-se e respeitando-se as diferenças que fazem da Língua Portuguesa singular em seu multifacetado universo de possibilidades infinitas de uso vocabular.

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